Estamos sempre a começar e no entanto dizemos não ser felizes.
Começar pesa sempre de mais.
Começar pesa porque precisamos acabar antes e não ter medo de o fazer. Não ter medo de o sofrer...Porque começar não é de extremos e implica ter asas fortes como ferro e leves como os dentes-de-leão que florescem com os subtis indícios Primaveris.
Parece-nos sempre mais uma morte que um nascer, porque no nosso peito arde algo a mais que tememos que continue a arder.
E enquanto perdemos o tempo do bolso, e os momentos se vão das nossas mãos como areia, a nossa felicidade foge para longe, para um novo porto. A nós parece-nos que tudo mudou, e se olhassemos com mais atenção, talvez conseguimos entender que a solução era essa mesmo.
O humano é cobarde. Fica na comodidade do que já era, no que já conhece. Porque lhe chega, e porque um dia há-de melhorar. Se não melhora a culpa é do destino, a culpa é de Deus...a culpa é do resto do mundo.
Deveríamos começar completamente. Devíamos aceitar cada lugar novo como uma hipótese para nos conhecermos...porque se fomos ter ali, é ali que devemos esta, é ali que nos pediram para ficar...e é ali onde um dia nos vamos sentir bem.
Porque muitas vezes nós ficamos a meio. Temos metade de nós dentro, e metade fora. Como se não quisessemos realmente ficar, e nos impedissemos de realmente ir.
Não dizemos palavras que nos levem a um objectivo porque o 'entre' ocupa-nos tudo. Ocupa-nos a decisão e o tempo, e a paciência e adormece a vontade de amar. E perde-nos.
Perde-nos porque nada faz sentido, se não fores capaz de ver a tua capacidade de amar. Porque se não conseguires mais sentir o quentinho de um carinho, parece-te estar demasiado frio onde está e precipitaste a correr...sem destino. E vais continuar a querer morrer, sem saber, e por não o saberes...vais ter medo de o fazer...e se não o fizeres ficará algures entre o final e o início.
E nunca sais daí.
E vai continuar a pesar mais e mais...até quete achas sem força suficiente para voltar a nascer.
A começar.
E o tempo cai-nos do bolso.
Deviamos acabar e começar mais vezes. Deviamos estar atentos a ós mesmos, a ver para além do reflexo no espelho...porque tanta vezes somos algo definitivo. Um exemplo. E levando-nos a ficar na escuridão, levamos outros.
Deviamos ter a coragem de ficar completamente aqui. Ali.
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