segunda-feira, 13 de abril de 2009

Juras e Promessas...

As mãos começam a enrugar. Descançam sobre o colo, enquanto o quente as ilumina.
Ao olhar as chamas condenso em mim a calma invernal, mas existe sempre uma ou outra memória que falha...que se escapa...
Eu disse que as promessas se quebravam e os juramentos se rompiam.
Não quero saber.
Embalo-me no som da caixa de música, e a verdade surge diante de mim como de todos os outros momentos em que eu a procurei. Elas ficam ali sempre. Não há como, nem se diz porquê. Ficam e pronto, nem vale a pena questionar.
Silêncios estes me rejuvenescem...silêncios estes me dão a mão, me levam a algum lugar onde estive antes.
Não me lembro bem, só já tenho a sensação de 'dejá vu', só já sinto que algo no ar fez parte da minha vida.
Agora olho tantas metamorfoses no meu caminho, que me canso de as contar, tantos lugares que foram criados, e recriados por deles me fartar.
Só os amores não os perdi. Continuam frescos na minha lembrança como de quando os vivi.
Lembro ainda cada sorriso, cada olhar. Lembro ainda os cheiros, uns quentes, outros mais suaves...e até aqueles que nunca senti.
As chamas crescem devagarinho...como línguas de fogo falando mansamente de assuntos quaisqueres. Também eu falei de muitos assuntos, de mais de um milhão deles nesta vida.
Utilizei palavras fortes, tantas vezes antes do tempo, não as deixei amadurecer, e no final perdias da minha boca, como um dente que cai. O pior foi perdê-las do coração e não as querer apanhar de novo...Deixá-las ir pelo medo de as perder novamente.
A cadeira chia nesta idade. Quando era nova, brilhava ao sol no alpendre, em finais de Julhos principios de Agosto, quando o ar era quente e só corria brisa nos finais de tarde, altura em que ela me acompanhava entre os meus sonhos e pensamentos.
Mas juras e promessas....Juras e promessas eu esqueci-as completamente. Esqueci-as porque as quis esquecer. Esqueci-as porque me as esqueceram.
Juras e promessas, acreditei só uma vez nessas...as outras levei-as na desportiva, como que semi-acreditando e deixando ao critério dos outros.
Sim agora eu sei que foi um acto de cobardia, de que me arrependerei um dia...
Sim, agora eu sei que também as farei um dia...
O lume começa a amainar...começa a ficar pequeno, já não brilha tanto.
Sinto-me a não brilhar.
Sinto-me baça como a face côncava de uma colher usada, sinto-me pesada como um móvel de sala...Sinto-me cheia. Cheia de tudo e cheia de nada. Cheia de coisa nenhuma.
Adormaço então, entre sonhos e pensamentos, na mesma cadeira do alpendre, enquanto o fogo se dissipa, o calor se torna frio, e as minhas mãos fecham a caixa de música, calando assim todas as promessas e juras de que um dia eu me lembrei...

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