sexta-feira, 28 de maio de 2010




Tens os olhos 
na planta dos pés,
E quanto mais caminhas
menos vês.

Uma cor cansada, 
uma cor usada qualquer, 
se não te leva a lado nenhum, 
essa estrada, 
já nem queres saber.

É essa a disposição que tira de ti a pessoa
(e) Num meio de coisas sem piada, 
A tua semi-personalidade destoa.
Não te sentes perdido, mas por isso não deixas de o estar,
Suja, amarrada, e convencida de que estás a ganhar.
Tens tão pouco que te falta o tudo mais, 
Vives adormecida nesse lugar. 
Desse lugar não sais.

Tens os olhos
na planta dos pés.
E o coração
na parte de trás das costas.
Quanto mais caminhas
menos vês.
Quanto mais pensas que vives, 
Mais coleccionas coisas mortas.






Day 2- Your least Second Favourite Song



« "do they collide?"
I ask and you smile.
(...)
The world doesn't matter.»


quinta-feira, 27 de maio de 2010




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Day 01 - Your favorite song
Day 02 - Your least favorite song
Day 03 - A song that makes you happy
Day 04 - A song that makes you sad
Day 05 - A song that reminds you of someone
Day 06 - A song that reminds of you of somewhere
Day 07 - A song that reminds you of a certain event
Day 08 - A song that you can dance to
Day 09 - A song that makes you fall asleep
Day 10 - A song from your favorite band
Day 11 - A song that no one would expect you to love
Day 12 - A song that describes you
Day 13 - A song from your favorite album
Day 14 - A song that you listen to when you’re angry
Day 15 - A song that you listen to when you’re happy
Day 16 - A song that you listen to when you’re sad
Day 17 - A song that you want to play at your wedding
Day 18 - A song that you want to play at your funeral
Day 19 - A song that makes you laugh
Day 20 - Your favorite song at this time last year


 Day 1 - Your Favorite Song 


« In a sick way I wanna thank you (...) Do whatever it takes in your heart to leave me behind.»

domingo, 23 de maio de 2010

Talvez.





Uma carta de saudades é sempre uma carta de saudades. Mesmo que nessas saudades exista mais fúria e contrariedade da racionalidade (que finalmente comecei a usar), do que propriamente o querer de um reencontro.Uma carta de saudades escreve-se sempre porque existe uma falta. Mesmo que essa falta não queira ou não possa ser apagada. A falta não deixa de ser falta só porque estamos decididos a não a querer substituir, ou só porque estamos empenhados em ignorá-la.
Talvez esta seja uma carta de saudades.Talvez, porque eu não posso querer saber do destinatário. Eu não quero saber dele.Quero saber apenas da falta que ele me faz, porque é essa falta que ele me faz que me diz bom dia todos os dias ainda nem tenho acordado de forma decente. E é a falta que ele me faz que me tem tirado umas quantas certezas que já andavam cambaleantes quando ele ainda estava.Parece-me engraçado o quadro, visto de fora. Não que deixe de ser um pouco amargo, mas já consigo rir-me por cima dos tons escuros. Tem a sua piada o facto de o destinatário nunca ter tido luz nenhuma, mas ainda assim fazer com que eu tivesse. Não que ele me tenha dado a sua luz, nada disso. Acho que quando veio ter á minha porta carregado de máscaras, já estava bastante apagado, coitadinho. Ele fazia era com que eu achasse a minha luz, e eu lançava-me em brilhos. E ele não sabe disto, nunca gostou muito das luzes naturais. Para ele, poderia ser tudo artificial, que ficava tão bem quanto o natural.Talvez a falta que sinto seja mais dessa luz, mas essa luz agora só vem atrelada a ele. Pelo menos, por enquanto.E essa falta não deixa de ser uma falta por eu repetir ao ar e ao meu ego, e alma, e corpo, e coração a mesma sentença sobre o meu pobre destinatário: Quero que ele vá para o Inferno!No meu âmago, não é isso que quero, mas no meu intuito de sobrevivência e auto-protecção mando-o desaparecer de cada vez que me lembro dele. É mais fácil odiá-lo, pois quando o odeio não me lembro que o amo, ainda que esse ódio não passe de uma ilusão feita como medida para atingir um fim. É o mesmo que tapar um buraco com outro maior.A culpa é da falta. Desta falta. Se não me consigo decidir se é mais raiva ou carinho, mais vontade de ver sofrer ou uma medida extrema para pelo menos ver, sem que ninguém se aperceba.Eu não estou a sofrer. Eu tenho ignorado tudo sobre o destinatário desta carta. Tenho mantido o meu coração frio o suficiente para esse lado, e para os outros todos. Tenho sorrido o mais abertamente que consigo, tenho rido mais, tenho dançado que nem uma louca em frente ao espelho do quarto, tenho dito coisas sem sentido até dizer chega, tenho gostado de mim. Tenho sido feliz. (?)E tenho-o encontrado nas curvas das coisas todas, muito distraído em si e no nada que tem.“I feel sorry for you”, penso para mim, proibindo-me do uso das palavras (neste mundo elas podem construir muitas coisas, quando não destroem e partem e viram o disco - são perigosas), não obstante achar que as merecia.
A culpa é dele. Da sua falta.E enquanto me vou convencendo que quero esta distância vazia, e esta quebra de coisas por acertar, e por apagar, e sabe Deus mais o quê, vou-me inconscientemente esquecendo que tenho cartas de saudade para escrever.

Posso não dizer que tenho saudades tuas, mas tu vais perceber que as tenho. Porque isto é uma carta de saudades, e só tem uma finalidade. E é boa por isso, por ser uma carta de saudades, de entre-linhas. Uma carta de saudades só se escrever porque há saudades. Porque há uma falta. E que tudo o que está no meio dessas saudades, vá para o raio que o parta.


Talvez isto…Talvez seja uma carta de saudades.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

You won't know.




É um pouco tarde hoje. É um pouco tarde na minha cabeça, é um pouco tarde no coração.
 É um pouco tarde nos teus actos, que são muito mais bonitos quando vistos de longe. Quando não sabemos o que se passa nas engrenagens. 
É um pouco tarde hoje, e a partir de hoje, há-de sê-lo sempre. 
És alguém muito perdido no mundo. Não corres por te encontrar, mas vais-te perdendo consecutivamente, com a mesma intensidade com que achas que assim vais chegar ao topo do mundo.
Tu és tarde. Tu foste sempre tarde...


















 « Porque há a verdade- não é tudo tão relativo como querias ensinar-me.»


segunda-feira, 17 de maio de 2010

(we are all) ....

Putting Holes In Hapiness





(...) Quem é que mandou empurrar o coração para o lugar da escova, do lápis, do batom, do boné, da caneca, do caderno...? De quem foi a ideia de o tornar numa coisa plástica, vazia, sem crédito?
Eu continuo a respirar.
De quem é que foi a ideia? Quem fez os dias tão cansativos, as palavras tão maçadoras? Quem? Quem é que nos fez tão fracos, tão falíveis, tão relativos, quebradiços e superficiais?
Quem é que algum dia nos disse que éramos reis e rainhas? Quem nos convenceu disso?

Deixa-me descansar por agora. A guerra começa do lado de fora da porta(da minha, da tua, da dele, da dela.) 


sexta-feira, 14 de maio de 2010

aDeus.





“ Não foste tu que me magoaste. Fui eu que me magoei.”
Esperei, esperei, e de tanto esperar, cansei-me de não me mover.
Vivemos separados por uma barreira cheia de planaltos agudos e afiados, e espaços brancos que filtram o som e os sentimentos. Mudam-nos, trocam-lhes o sentido e fazem com que pareçam mais rudes do que o necessário e o esperado.
Vivemos separados por uma barreira feita de não correspondências entre o que somos, e é difícil perceber se são elas que nos repelem ou se somos nós mesmos a fazê-lo.
E sempre que estou perto, tu dás mais uns passos e nem te apercebes que te estava quase a alcançar. E sempre que estás ao meu lado, o espaço parece apertar-se e tu ficas para trás.
Até eu já achei melhor deixar-te ficar lá, mas todos os caminhos me levam de volta a ti, mesmo que não tenha consciência do que o fazem. Toda a vez é uma surpresa quando voltas a aparecer.
Não há formas fáceis, mas as difíceis parecem sempre difíceis demais. Por mais que tentemos perceber o que se passa connosco há imensos conceitos e acções cheios de relatividade que de nada nos fazem ter a certeza.
                A cabeça pesa. Não só a minha, mas a tua também. Não é que tudo não possa ser o que queremos, mas é o cansaço. É esta sensação de andarmos às voltas no mesmo lugar, é esta fartura típica de quem já viu o mesmo filme centenas de vezes e até já sabe as falas de cor, e já nem consegue ficar acordado durante a exibição.
É isso que nos faz estar, sem estarmos. Eu estou comigo, e tu estás contigo.
Não foste tu quem me magoou. Fui eu que corri para ti, e me perdi no espaço em branco. Fui eu que quis sonhar, quando nem era noite e não tinha sono.
Nenhum de nós tem culpa, e nenhum de nós se pode esforçar mais se o coração não o permitir.
As lutas já não me parecem justificadas ao ponto de continuarem, e eu estou enjoada desta montanha russa. Das ideias, das cores, das contrapartidas, dos entraves, dos medos, das palavras ditas e dadas por não ditas, dos errados que são muito parecidos com os certos, das dores nas palmas das mãos, e da falta de calor.
Tenho vivido em pleno vento, quando nos meus olhos tudo parecia Verão.
E de ti, sei mais do que ambos achamos. Sei que os teus olhos são quase verdes, e as tuas unhas estão roídas. Tentas deixar de fumar, mas quando te enervas, fumas mais. (…) Evitas as emoções, e fazes o que tiveres de fazer, mesmo que doa. (…) Racionalizas quase tudo. As palavras e lágrimas pouco te dizem. És capaz de ser duro, porque foi isso que aprendeste. (…)
Esforço-me por encontrar uma solução, mas canso-me ainda antes de tentar. Então, talvez não tenhamos que encontrar nada, mas aceitar que não podemos decidir o que quer que seja. E ainda assim, o tempo mete-me medo. (e não, eu não sou uma maricas…)
Não posso prever nada, mas deve estar quase no fim. Se pensarmos que nenhum vai perder, o final até parece sorrir-nos.
Ambos não temos vontade de levantar o corpo hoje, por isso podemos ficar aqui de olhos fechados. Em branco, esquecendo que existem emoções, e dias, e vida, e que tudo o que passa por nós, deixa marcas.
Vou ser a primeira a dizer que vás, se for essa a direcção. E achar que foi um prazer coincidir neste espaço. Quero que leves um sorriso.
Que não usemos mais palavras, e não nos alonguemos mais.
E que tenhamos força para chegar a algum lado, mesmo que nenhum de nós saiba o que procura, ou se vai encontrar. 



(dedicado)