sábado, 25 de dezembro de 2010

I'm such a Fool




"Did I said that I need you?
Did I said that I want you?
Oh If I didn't I'm a fool, you see..
No one knows this more than me."


Stay with me. Let's just breath.



(can you? please...?)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Acompanhada.


*

"So brown eyes I hold you near
Cause your the only song I want to hear
A melody softly soaring through my atmosphere."

*

Por mais que tenha repetido esta pergunta em dias menos bons, nunca pensei nela
como uma possibilidade. Via-a nascer lá do fundo, e pequenina ela ficava lá, apenas a sustentar-me umas horas, enquanto o sol não nascia e eu seguia como sempre.
Aprendi umas quinhentas formas de andar até aqui, e de cada vez que aprendia uma nova esquecia a anterior. Deve haver algum motivo pelo qual nunca esqueci a forma como andava no teu peito.
Hoje voltei a ver essa pergunta. Mas agora ela aparecia vinda de trás de mim. Bateu-me ao de leve no ombro e sussurrou-me palavras suaves e suspiradas. Palavras que não apenas me sustentavam, mas me queriam dar um impulso repentino para o topo do mundo, eu tenho a certeza.
E agora não me sai da frente. Para onde eu vou, ela vai. Senta-se ao meu lado no sofá, lê, espreitando por cima do meu ombro, o livro que eu leio, embala-me á noite, puxa-me os cantos da boca e desenha-me na face um dos sorrisos mais abertos e espontâneos que alguma vez tinha visto no espelho, está em todas as minhas risadas, vive nas minhas conversas, acende-me a luz até quando estou numa rua qualquer. Mexe-me os pés e faz-me dançar, rodar, e até cair. Faz-me ridícula e marca presença nas minhas lágrimas, que ganharam uma certa cor. 
E a minha mãe diz que acordo bem disposta, mas mal sabe ela que eu acordo acompanhada e isso é que faz a diferença.
Enquanto essa questão cresce eu fico subjugada no seu regaço, e por mais que a queira agarrar e colocar no espaço livre entre as aurículas e os ventrículos, ela parece-me agora grande mais.
Olha-me lá do alto com aqueles olhos adoçados, no momento em que as suas palavras embatem na minha caixa torácica e provocam fogo de artifício. 
E se...?, sorri-me ela. E se?, lança-se para mim como uma criança para as pernas da mãe á saída da escola. 
E entra-me ali por dentro, devastando todos os medos, aquando o teu sorriso embate nos meus olhos feito brilho Primaveril. Como é que eu te posso fazer entender?
Não se trata de uma só coisa, mas de um universo cheio delas que se move a cada acto que ousas realizar. Uma parafernália de perspectivas que repentinamente os meus olhos alcançam.
O horizonte deixa de ser horizonte e torna-se apenas qualquer coisa que está ali, que já não me impõe limites.
E se...? E se estivermos a deixar isto fugir? E se...não o pudermos fazer?
E se...se não existir mais ninguém que me possa voltar a dar este sopro de vida, esta vontade de viver. E se, se tudo isto for o tipo mais certo de errado, que me dizes tu?
Deixamos fugir?
Quero gritar-te que deixes esta pergunta ficar, que a deixes acompanhar-me de perto, dar-me a mão e dizer-me bom dia ao acordar. Que a faças ficar e gostes do que ela faz quando estás. Quero que queiras estar, e não quero dizer-te que quero.
E se...se não houver mais ninguém para nós, como podemos nós descobrir antes que o tempo acabe? E se...se eu correr, será que me fazes tropeçar? Se eu andar, e se eu andar, vais fazer-me parar?
E se...se estamos destinados a ser? E se não pudermos ser mais nada?
E se?, e o meu sorriso mais carinhoso nasce, e apetece-me chamar-te nomes queridos só para te ouvir suspirar, e olhar para mim como se ainda me percebesses. (bem, demasiado bem.)




Loveyou.Loveme?

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010



We are all broken.
 But everything will be okay.
I promise.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Rapidinha.


 "Tenho a força de mil homens para o que há-de vir."

Pois, é a única coisa que me sai hoje. E eu bem sei que raramente falo num registo tão aberto e pessoal. Mas que é que se há-de fazer? 
Então passei por aqui só para dizer que o meu blog não está abandonado. Está apenas num lugar mais abaixo na lista infindável de coisas para fazer (nos lugares que em tempo já correspondem ás férias do Natal). Isto porque o meu futuro não espera e eu prefiro andar ao lado dele agora do que ter que correr atrás dele mais tarde. (que é o mesmo que dizer que a escola anda a dar mais trabalho do que aquele a que estou habituada. [e a que o meu corpo está habituado também])
Entre testes e trabalhos, e festas de Natal, teatros, poemas, catequeses, ainda tenho tido tempo para tirar algumas fotografias (que começam a subir de nível!), e fazer brilhar alguns olhinhos. Estou realmente satisfeita com os progressos que tenho feito e as ideias que me têm surgido. Para além disso a minha veia de inspiração voltou (Graças a Deus! Esta de quando em vez tira férias e nem avisa! É preciso ter pachorra...), e os meus olhos começam a estar mais despertos para situações críticas. (assustador e interessante)
E lá se vai crescendo um bocadito mais aqui, e um bocadito mais ali. Principalmente com situações difíceis.
Tenho reparado que em silêncio as pessoas deparam-se com muitas mais complicações do que aquelas que automaticamente achamos que poderão ter. E tenho ainda concluído, que poucas sabem como as resolver, e poucas pedem uma mão, e das que pedem, poucas recebem essa mão. Incrível hum.
 E (por falar em ajuda) depois no Natal há sempre uma série de campanhas na televisão "ah e tal, está na hora de ajudar e coiso...". Uma palavra: ahahah! Hora de ajudar é todo o ano, não é só no Natal.
Sim, isto porque estamos a chegar ao Natal e eu já tenho os nervos em franja. Raios partam esta hipocrisia !
E entretanto afastei-me completamente (não fosse o habitual...) do que era suposto. Pois.
"Tenho a força de mil homens para o que há-de vir.", sobre esta só digo uma coisa (porque há narizes muito compridos hoje em dia...), o amanhã ninguém o viu!!
E depois desta espécie de conversa (anotem espécie!), resta-me despedir-me e garantir-vos que não vou demorar muito a voltar! Por enquanto, deixo uma parte do que me tem ocupado os dias.
Sayonnara :D

ps- É super estranho falar desta forma, sabiam? 


YumeYume original's presents:


9 de Dezembro de 2010  


Algures em Outubro (I guess) 


Algures em Outubro (I guess)



sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

What will you protect?

Não chores pequeno grande. Não chores se o mundo hoje se esqueceu de ti. Ele é grande demais para seu próprio bem, e perde-se em si antes de encontrar os outros. O mundo é egoísta, mas eu juro que vou estar aqui ainda que não me vejas.
Tu és maior que o teu tamanho, mas sendo um gigante atinges tamanhos tão pequenos que me apetece colocar-te nas minhas mãos e fechá-las bem, como se faz aos passarinhos. Não para que não fujas, mas para que nada te toque e te fira a pele, mais do que ela já está ferida.
Eu sei que o caminho parece longo de mais, e ainda que tenha todo este palavreado baseado num sentimento de carinho que não me cabe no peito, sei também que tu não vais baixar cabeça. Tu nunca baixas cabeça.
Eu só te queria garantir que se chorares vais ter alguém que vê as tuas lágrimas ainda antes que elas te escorram pela face, e se temeres, vais ter alguém que teme contigo, e por ti. E se quiseres parar um momento, há sempre alguém que vai esperar, ou fazer com que esperem por ti.
Nos textos todos que escrevi sobre ti e a tua falta, nunca me lembrei que tu também deves ter buraquinhos no peito, e que quando faz trovoada eles devem parecer ainda mais frios e húmidos.
Nunca me lembrei que talvez precisasses de uma mão sólida para agarrar quando as tuas pernas não conseguem ter a força necessária para se levantarem.
 Pequeno grande, para mim não passas de ti mesmo. Podes não ser super herói nenhum, mas só com a tua vontade poderias mudar o mundo. Poderias fazê-lo girar no sentido contrário.
Então não chores esta noite, porque amanhã há outro dia para fazer as coisas certas. Não chores pela escuridão, porque só deixas os teus olhos verem o que existe fora de ti. Tu és especial, porque sim.
Não chores esta noite, porque ainda que o mundo não se lembre de ti, eu vou lembrar-me.






      I will protect you. (as long as I can)


(Para uma pessoa especial, uma presença ausente. Os corações podem partir-se, as linhas dividir-se, mas o sentimento que é real, ou aquilo que fica dele, de alguma forma, torna-nos alguma coisa, mais que nada.)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Por esta hora deves estar a dormir.
Adormecido enquanto o mundo continua cá fora, a girar. Mas que é que importa? Não tarda vais acordar, e vais segurá-lo nas tuas mãos.
Por esta hora nem pôes a hipótese de que alguém pode estar a pensar em ti. Talvez mesmo acordado, nunca ponhas essa hipótese. Mas há alguém que o faz.
Eu sempre me perguntei de que matéria és tu feito, para seguir a vida com uns passos tão cravados e simultaneamente tão leves que quase não tocam o mesmo solo que os das restantes pessoas. Eu sempre me questionei acerca da forma como conseguias fazer o mundo girar ao teu ritmo sem aceitar seguir o ritmo a que ele gira. E por mais que pensasse eu nunca encontrei uma solução certa, e por mais que te tentasse perguntar tu apenas olhavas e sorrias, como se de uma pergunta retórica se tratasse. Aceitavas as minhas dúvidas como um elogio, fazendo delas algo bom quando na minha pele eram pequenas feridas que faziam comichão.
E agora, enquanto estás adormecido, eu só queria retirar as perguntas e guardá-las nas que nunca deveriam ter sido perguntadas. Só queria fechar os olhos e experimentar a forma como dormes.
Depois de todo o tempo, há sempre qualquer coisa que escapa ás suas garras e fica divagando até encontrar um dia favorável á sua propagação.
Eu estendi os meus braços, e nunca mais os recolhi, é por isso que eles doem. Eu mantive sempre as mãos abertas, perto das tuas na espera inquieta que não tivesses onde te segurar, mas acho que não percebi que tu és mais forte do que eu e não precisas que alguém te garanta que tudo vai ficar bem. É por isso que seguras o mundo nas tuas mãos, e ele fica bem nelas.
Enquanto dormes, enquanto imagino os teus olhos fechados e o contorno do teu peito simétrico ao respirar, reparo que sou eu quem adormeceu, e nunca mais acordou. Nunca mais acordei da espécie de alternativa que inventei, uma solução meio rasca para tornar o narrador desta história autodiegético.
Esta história de pessoas que dormem não é minha, nunca será. Atrasei-me um pouco e esqueci-me que te tinha oferecido o lugar de protagonista. Esqueci-me que prometi manter-me por trás das folhas, enquanto tu abraçavas o teu percurso nestas estrdas de bifurcações confusas. Porque é isso mesmo que tu fazes, abraças a vida com tal força que quando eu vou tentar abraçar a minha, por mais que a aperte, nunca parece suficiente.
Fazes tudo parecer pouco em comparação contigo, e o que é que eu posso fazer? Eu só te vejo dormir, eu só escrevo, não consigo fazer milagres.
Nunca o consegui e por isso nunca estive mais perto de ti.
Por esta hora deves estar a dormir. E eu enrolo-me na tua história para não me lembrar que vou ter que escrever a minha. Lá bem no fundo eu não páro de desejar que apareça alguém que a escreva por mim, ainda que qualquer pessoa que surgisse não o pudesse fazer.
Eu sei o teu nome. Sei as mil formas como sorris, e os mil trejeitos do teu olhar. Sei as blusas que usas pela cor e pelo tecido, e o perfume que pôes juntamente com o ar decidido. Sei de ti, muito mais do que queria ou poderia desejar, e só consigo parar de o saber quando te vejo adormecido. Quando imagino que deves estar adormecido.
Só consigo parar para olhar para ti com toda a atenção que consigo, e reparar que não perdeste o que eras, apenas o escondeste.
E eu gostava de adormecer, nessa tua forma de dormir, mas acho que dormi tempo demais e agora que acordei é hora de pôr tudo no lugar.
Não vale a pena falar de ti, pois tu és a personagem principal de uma história que não escolhi e que por mais voltas que se lhe dê, nunca vai deixar de acabar aqui. Aqui, onde tu adormeces e eu penso em ti, e tu nunca poderás imaginar que alguém o faz.




"And I tried so hard to reach you
But you're falling anyway,
And you know I see right through you
'Cause the world gets in your way.
What's the point in all this screaming?
You're not listening anyway. "


segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Ela falou-lhe não só com as palavras, mas com os gestos, os olhos, e o coração. Falou-lhe com a alma, e talvez por isso ele não tenha entendido. Talvez por não ser a pessoa mais entendida em almas, ou por para ela não o querer ser.
Ela não poderia assumir que a culpa fosse dele, perceber uma alma não é fácil, quanto mais perceber a sua. A sua; essa alma difícil, rebuscada, com floreados feitos em bronze, alguns já com ferrugem, outros meio partidos. De quando em vez esses lá provocavam uma dorzinha, e ela desatava a correr para ele, ainda que ficando no mesmo lugar. E ali pensava que podia chorar. Ali pensava que podia descansar dos dias em que chovesse mais e permitir que o corpo secasse antes que o frio lhe atacasse os pulmões.
Com um pouco do quente que ele tinha, sem sequer adivinhar que o podia ter, abraçava-a e aquecia-a uma vez mais, achando que esse seu acto em vácuo apenas a faria sorrir da forma mais parecida á realidade que ela conseguiria.
Ela falou-lhe tanto. Falou-lhe da vida que queria ter, das viagens que ainda não fez, das dores que camuflou por entre a ramagem dos dias melhores que maus, das arranhadelas que tinha feito no mato, quando corria para algures, só para ter um lugar para onde correr. Falou-lhe do encanto das letras e de como elas lhe podiam mostrar segurança. Falou-lhe da música e de como ela podia não só harmonizar um mundo, mas criá-lo.
E ele permaneceu calado na sua ignorância que ela achava tão bonita.Que ainda teria por ali um raio de inocência, se o seu olhar não fosse tão escuro. Permaneceu calado como se nesse silêncio soubesse dizer muito mais, e soubesse que o dizia mais que com a sua voz. E ela aprendia tanto dele nessa falta de palavras. Tanto mais do que ele aprendia com as palavras dela, sobre tudo, e sobre nada.
Podiam passar anos que ela não se cansaria dessa forma como ele se calava e acenava apenas. Podiam passar anos até ele perceber, que ela gostava. E que ele gostava.
Faz um Inverno frio que tudo não passou de uma curva do caminho. Uma curva daquelas muito "manhosas", das que remoem o espírito na busca de uma solução em que fique tudo bem. E por não a encontrarem, eles passaram a curva, e disseram adeus no cruzamento 1 quilómetro em frente.
Ela chamou tal feito de vida. Ele nem o chamou, ele apenas caminhou, e como sempre manteve-se calado.
Não acho que ela soubesse como sentir essa dor, ainda que a quisesse sentir, ou a sentisse. Por já a ter sentido evitava senti-la cada vez com mais determinação.
Ele pela primeira vez sentia-a como chama acesa em todo o seu corpo. Era semelhante á dor que o sangue congelado poderia fazer ao passar pelas suas veias. Sentiu um fulgor tão perto da garganta que pensava, por certo, vir a sufocar dentro de instantes, mas a única coisa que aconteceu foram lágrimas nos seus olhos.
Esse foi o dia em que ele desatou a correr para ela. Não desatou apenas a correr para ela, mas correu para ela para lhe falar. Correu para ela para descansar do dia, para secar o seu corpo antes que o frio lhe atacasse os pulmões.
 Esse foi o dia em que ele não só lhe falou com a sua voz, mas também com os seus gestos, o seu olhar, o seu coração, os seus olhos e a sua alma.


( quando estamos sozinhos percebemos a falta que algumas pessoas fazem nos nossos dias. Podemos muito facilmente pensar, todos os dias, o quanto seriamos mais felizes se elas fossem embora, e nos deixassem ficar ali, no nosso lugar, a aproveitar o sol quentinho sobre a pele, a deleitar-mo-nos com o silêncio do espaço.
É erro dos humanos não se lembrar que esse sol se apaga quando a sua fonte se afasta, e que o silêncio fica demasiado impenetrável e vazio, se só ouvirmos a nossa própria voz projectada nele. )


E tu, tu fazes-me falta. Por mais minúscula que seja.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Dia Mau.








Eu preciso que pares. Preciso que pares de parar de me fazer ficar aqui.
Preciso que pares de parar de me fazer ir sempre que me vês as malas á porta, o coração nas mãos,
e a maior determinação, mais cheia de medo que de bravura, no rosto expectante.
Mas em que parte da minha vida não tive eu medo? (E em que parte dela é que tu percebeste que era mesmo medo?)
O medo esteve sempre lá, para além do medo normal que todos sentem. Eu sempre senti mais medo.
Mais medo de sentir mais medo, e mais medo, e mais medo, muito mais medo de tu nunca chegares
a perceber que era medo.
E o medo pareceu-me sempre mais adequado que o que dizem de mim.
E isso talvez tu tenhas percebido, e tenhas gostado de perceber.
Eu lembro-me de quando tudo o que me rodeava era simples. Agora, sempre que me vejo mais rodeada
menos rodeada me sinto. Porque na verdade é só isso. Eu estou só rodeada, e não passa
desse aglomerado de pessoas á minha volta.
Se estás aí, e eu sei que ainda estou aqui, devo dizer-te que nunca me senti tão sozinha.
E talvez que de sentir que o estou, só a palavra me faz chorar, aqueles choros típicos da miúda que conheces.
É uma palavra tão triste, não achas?
Vejo-te a dizer-me para reagir. E eu desta vez digo-te que não posso.
Não posso reagir ao que não tenho. E o que é que afinal eu tenho a não ser a sensação
de que tenho tudo dentro de mim? E isso é muito pouco, porque tudo começa a desbotar e a tornar-se
nessas dúvidas de quem olha para lá fora e vê um sol radiante, enquanto cá dentro chove.
Esta chuva é fria, só para que saibas. Tu que tanto gostas do Inverno, foges desta chuva
como o ladrão foge á polícia. Sabes que podes fazer o sol nascer aqui, e querendo-o não o consegues,
porque é difícil,porque nós prometemos que não iríamos conseguir tal coisa mutuamente.
E abreviámos umas quantas situações em que só precisávamos de silêncio e a certeza que de estaríamos
seguros um com o outro.
Acho que é deste ponto que se fica em branco, sabes. Quando não consegues conciliar os pensamentos
dentro da cabeça, quando eles se tornam pesados e mais presentes que o próprio presente.
E para te dizer a verdade eu tenho saudades de tudo.
Tenho saudades de ter umas saudades mais verdadeiras e exclusivas que estas. Umas
saudades que me lembrem alguém, uma imagem nítida, e não estas saudades que englobam muitas coisas
misturadas, como plasticina de várias cores amassada por uma criança.
Mas o que mais me tem feito chorar é o olhar de longe para o panorama de pessoas que já perdi. E até poderia achar incrível, essa ciência estranha que nos torna as pessoas que melhor conhecemos em completos desconhecidos. Já tinhas pensado nisto? Choras-te? É tão estranho, faz tantas cócegas nas cavidades do coração. As minhas começaram a rir a semana passada, e de tão cansadas pediram-me para fazer "reset" ao meu sistema.
Era uma boa solução não achas? Mas por outro lado acho que não poderíamos ter um botão assim, pois nunca conseguiríamos chegar até meio de uma vida. Logo no inicio já estaríamos a carregar novamente no botão, isto é, se tirássemos de lá o dedo. E depois lá fugiam, entre as erradas, as vezes em que começamos bem. E depois ninguém começava.
Não posso deixar de dizer que é uma ideia tentadora.
Agora sabia bem um abraço. Um abraço apertado, que me fizesse chorar ainda mais. Uma abraço apertado daqueles que dizem: "És uma idiota, fazes tudo mal, e não tens piada nenhuma, mesmo quando tentas ter.Mas mesmo assim, eu gosto de ti."
Há dias em que ouvir isto chega. Hoje é um dia desses.
Eu preciso que pares, antes que seja eu a parar. Porque quando eu parar, não poderei nunca retomar mais nada. E de cada vez que me quiser lembrar de ti vou ter de me lembrar que não te posso lembrar, e nunca vou deixar lembrar-me toda a vida que me davas, quando eu exalava morte.
E eu tenho saudades tuas.
E tenho saudades de toda a gente.
E tenho saudades de mim, de ter a certeza que vou ter uma estrada, com pedras, mas uma estrada direita para continuar a seguir.
Se estás aí, e eu sei que ainda estou aqui, devo dizer-te que nunca me senti tão sozinha.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

light up, light up...



Encara a vida com um sorriso...




...E se ela se rir dele, faz-lhe uma careta.
Assim ela vai rir genuinamente, e tu deixa-la desarmada.





domingo, 15 de agosto de 2010



 ' If you're not the one then why does my hand fit yours, this way?'


"Onde é que tu estás?", será mais correcto que perguntar "onde é que nós estamos?"?
Nós não podemos perguntar por um nós. Podemos sim perguntar "Onde estás?", "Onde estou?", porque assim não juntamos a ideia de juntar algo que a natureza quer afastado. Mas não te esqueças, tu não podes ir embora totalmente.
Eu preciso de sentir a tua presença insubstancial quando fraquejar na ideia de te deixar de parte. Posso dizer que aqui não há espaço. Talvez seja uma das desculpas mais credíveis que posso inventar para que não te veja de novo esse sorriso muito mal criado, cheio de imperfeições que ainda demonstram de forma mais clara que dentro de ti, tudo é tempestade. 
Posso dizer que aqui não há espaço, mas ambos sabemos que não é questão de ser verdade, mas a necessidade de que o seja. Aqui não pode haver espaço.
Nós podemos ser heróis um para o outro, nas histórias, nas brincadeiras, mas nunca o seremos nesta realidade onde eu já construí o meu sentido. 
Tenho que deixar que construas o teu. É importante que me certifique que o estás a fazer, e que não saibas que eu o estou a fazer. Tenho de te empurrar aqui para baixo, onde o ar é mais pesado, mas onde podes andar e a queda não parecer tão grande. 
Talvez um dia me agradeças. Talvez um dia eu te possamos agradecer para além desse obrigado que se esvaece a meio ao sair dos nossos lábios. Talvez um dia eu possa ver mesmo a lágrima cair, e não apenas imagina-la quando tu viras as costas e eu sei que choras.
Eu sei que choras. Porque eu também choro. 
O meu choro fica-se num luto de sorriso fechado e olhos pregados em qualquer lado. E então, como se não passasses de memória, mas uma memória muito fresca, e como se jamais te pudesse ver novamente surgir no teu bambolear de menina e no teu sorriso de quase mulher, cheio de brilhos, eu digo-te adeus. 
Sussurro-te um adeus que não podes ouvir. Um adeus que não podes sentir. Um adeus frágil que não se quer adeus, mas que só isso se pode querer.
Convenço-me que fiz o melhor. Convenço-me repetidamente que fiz o melhor. Só uma vez não chega para não sentir falta do calor que aquecia o ar à minha volta quando a tua presença era mais presente. 
Tinha de ser assim, não havia outra forma pois não? 
Tinha de ser assim, e eu tinha de to dizer. Sem palavras, porque as palavras só se podem dizer quando já não dói. 
E porque doía ficámo-nos pelo silêncio cómodo que nos é característico. E tu convenceste-te a mim que te tinhas convencido, para não doer mais.
Eu já estou longe daqui. E tu? "Onde estás?"

sábado, 14 de agosto de 2010

Sê Feliz.





 Dá-me a sensação que foste o meu grande falhanço. Foste a minha nódoa no pano branco. É a sensação de teres sido o meu maior projecto, e no entanto a minha pior derrota.E não é por ter doído. É por eu não ter conseguido mostrar-te o amor. É por, para além de todo o meu esforço, não te ter conseguido fazer acreditar que ele existe mesmo. E fogo! eu só queria que tu visses como é bonito...
Espero que alguém consiga, algum dia. Por Favor, sê feliz .



(perdoar, afinal não há mais a fazer.)

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Love's Violence.

 
Talvez tenha sufocado mais depressa do que julgava.
Mas na verdade não foi por falta de ar, nem da sua pressão.
Foi por ter as tuas mãos negras e sujas a comprimir o meu pescoço desnudado, enquanto achava que me ias dar mais um beijo de boa noite e uma promessa de amanhã.


E quanto tempo faz desde que me doeu o coração pela última vez?
Ele voltou a doer hoje.






E depois de tudo tenho saudades tuas.
E depois tudo, força, tenta ser feliz.

terça-feira, 10 de agosto de 2010






«O amor é frágil. E nem sempre sabemos tratar dele.Procuramos fazer o melhor possível.E esperamos que uma coisa tão frágil quanto esta sobreviva



The Last Song (A melodia do Adeus)
adorei.adorei.adorei.adorei.

domingo, 8 de agosto de 2010

Até Já,





Faz-te forte, dizes-me. Faz-te forte, dizes-me agora no silêncio de palavras que já nos é conhecido. Nenhum de nós estranha que as palavras soem de dentro, porque sempre foi assim. Sempre teve de ser assim. Faz-te forte, ressoa cá dentro vindo de ti, e eu sei que está na hora de ires novamente.




Faço-me forte. Faço-me forte agora que sei que é só um até já, e os "até jás" não doem assim tanto, pois não? Não nos mudam tanto, pois não? 
Afinal hás-de voltar. (mesmo que não voltes tu.)




(e eu tenho, tenho o meu atado a ti.)



quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O meu primeiro seliinhooo *-*

 
 
 
 
 
 
 
 
 
# Têm de completar esta frase: Sou Feliz porque ...

Sou feliz porque sou amada por pessoas fantásticas que estão sempre a meu lado!

 
# Ofereçam este selo a 5 blogs.
 
*http://fipatia.blogspot.com/
*http://loseyourcoolinpublic.blogspot.com/
*http://thecarpz.blogspot.com/
*http://canseidevoces.blogspot.com/
*http://thesameasalwayss.blogspot.com/
 
 
 

P.s - Obrigada KathyAshley (http://justtakeasmell.blogspot.com/) :D



sábado, 24 de julho de 2010

"Se, esteja onde estiver, arranjar maneira de te ver, só ficarei triste, como fico triste sempre que vejo uma vida desperdiçada, uma vida em que o caminho do amor não conseguiu cumprir-se."

Susanna Tamaro




Nunca te sentiste sozinho? Nunca te sentiste a fazer a travessia contrária?
Nunca sentiste dor nos teus joelhos, nas palmas das tuas mãos, no fundo raso do teu peito?
Nunca sentiste o ar pequeno demais? Pesado demais?
Donde vieste? Quem és tu, que não a imagem de uma pessoa, a folha de rosto
de uma resma de papéis amachucados ?
Magoa-me. Faz-me doer, outra e outra vez. Sorri de gozo.
Vai-te embora e volta depois, quando eu já estiver bem. E faz com que fique tudo mal.
E faz-me doer outra vez.
Nunca precisaste de um abraço? Onde pudesses descansar
dessa tua pose de defesa para com a vida. Onde pudesses baixar
a cabeça e admitir que também te cansas.
Eu gostava. Gostava tanto de saber em que lugar tu te deixas cair
quando a tua máscara pesa demais e não te deixa estar de pé.
Nunca precisaste de um abraço?
Deixa-me abraçar a tua escuridão. E faz-me doer outra vez. Magoa-me.




terça-feira, 20 de julho de 2010

Boa sorte.




Tu vais continuar a sofrer mesmo por baixo do seu nariz.
Mas ele não pode sentir o cheiro que exala da tua dor. Ele desvia a cabeça e fica são. Não é como eu, não se inebria da necessidade louca de te segurar por um braço para não te deixar cair, não recebe os teus murros no estômago enquanto luta por te manter a face seca e protegida do frio.
Diriges-me tantas palavras aguçadas. Eu sei que as minhas te ferem ainda mais, mas é um facto que a verdade dói na maior parte das suas aparições. Devias sabê-lo também, tu que sabes tanto acerca da vida.
Tu que já sabes escolher quando usar o coração, ou que achas saber. Tu que mantinhas a tua mente fria para que pudesses encontrar algum sentido para aquilo que não o tinha.
Eu gostava de te ver sorrir mais uma vez antes de ir embora. Um dia iremos todos, tu sabes. Mas eu gostava que tu pensasses em ti sozinha, em ti como coisa final e não extensão de alguém.
Tu não precisas de ninguém, mas mantens-te ali enquanto ele segue para a frente. Tu esmuraa-lo nas costas, tu agarra-lo pelos tornoze-los, tu arrastas-te por ali, mesmo por cima das suas pegadas.
Tu tens um caminho, não podes tomar o dele só porque vai para longe de ti.
Isso não tem sentido. Porque é que agora não tentas encontrar o sentido?
Tu sabes que nunca vais puder guardá-lo mais do que já o guardas-te, e sabes que ele não te vai guardar mais. Tu continuas a luta porque te dói desistir, mas não vai doer mais quando ele to obrigar a fazer?
Eu gostava de te ver sorrir mais uma vez. Gostava de ouvir a tua voz mais uma vez, sem esses espinhos todos. Gostava de te sentir perto sem me sentir uma inimiga.
Eu não te posso ver cair novamente. A tua vida já é demasiado complicada, porque é que insistes em complica-la mais? O teu coração já dói demasiado, porque é que ignoras que ele se desfaz ?
Tu vais continuar a sofrer. E ele nem vai dar por nada...
E um dia quando acordares, vais perceber que a felicidade nem sempre está onde a vimos reluzir.
Como tudo na vida, ela é matreira.
Quando precisares de mim chama-me, eu vou voltar. Agora, não posso ficar aqui.
As tuas lágrimas queimam-me, a tua falta estrangula-me, a tua posição defensiva faz-me doer mais do que me irrita.
Eu não sei como vai ser, é a primeira vez que te deixo sozinha. Mas não posso estar mais presente do que tenho tentado estar.
Desculpa. Boa sorte.


o amor tem destas coisas, não tem?

sexta-feira, 16 de julho de 2010

You're dead.

Tornavas a vidinha demasiado simples, tão simples que chegava a ser fácil se tivesses uma capacidade de aceitação acima da média.
Eu não a tinha, e tu sabia-lo.Mas enquanto fosse possível manter isso guardado estava (quase) tudo bem.
És difícil de amar. Quase impossível. Não são os outros que não te tentam amar, és tu que actuas sobre ele com erva daninha. Não te apercebes que fazes com que todas as forças sejam deitadas fora, que obrigas a que te deixem para trás. Actuas como pântano espesso no teu próprio coração. Tu deixaste-o lá atrás não foi? Continua a substituir. Anda por aí, convencido de que o teu caminho é longoe está a ser percorrido da melhor maneira.
Quis aprender-te. Salvar-te sabe Deus de quê!
Há medida que conjugo os verbos no passado o peito começa a fechar-se outra vez. Fechou para obras sem prazo de reabertura.
Ainda me sento entre o desespero de duas soluções, uma mais inantigível que a outra. Tenho saudades tuas (?). Gosto de ti (?). Fazes falta (?).
Que diferença faz...(?)
Nunca soubeste e nesta vida não hás-de conseguir saber quanta vida essas palavras trazem. (e quanta morte tu lhes ofereces.)




The last time. You're dead.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Voa porra! VOA!

Não basta agarrares na tua vida e sentá-la no sofá mais perto para teres a certeza de que está estável.
Não basta desenhares um sol no teto do teu quarto. Não basta fechares-te no quarto.
Não te basta um sorriso na cara, porque o sorriso da face pode não ser o mesmo sorriso que o interior.
Não te basta cortares umas asas de cartão e colá-las ás costas só para teres a certeza que as tens.
As asas não foram feitas para enfeitar. Os tetos não foram feitos para servirem de céu. As vidas não foram feitas para ficarem quietas e enroscadas no sofá como um gato no Inverno.
Tu não foste feito para parar a meio do caminho, não foste feito para desistir antes de chegar, se não seria desnecessária a tua casa no final do caminho.
Não foste feito para ser o centro de tudo, mas para chegar ao centro de tudo.
Não foste feito para toldares apenas o chão com os teus pés, mas para chegares aos céus e agitares os mares com o que vem de ti.
Não és tu, matéria, coisa palpável, objecto. És tu sonhos, alma, aura, coração, és tu inalcançável, inacabável, és tu extensão de ti mesmo.
Voa porra! VOA! Estás á espera de quê? Não te prendas, não te reprimas, não te escondas.
Sai, diz ao mundo que estás aqui e ouve o mundo dizer-te que precisa de ti onde estás. Porque tu és um, mas fazes outros milhares. Porque tu moves-te uma vez, mas dessa vez moves tantas outras coisas.
Como é que não percebes? Não percebes que não tens tempo a perder na escuridão. Não tens tempo a perder na cegues, no chão frio, nas tuas faltas, nos teus finais, nas tuas fraquezas.
Não há nada aí para ti, daí já não podes tirar nada. No teu final tem de existir apenas a chance de recomeçar, de chegar a outros lugares onde não estiveste antes, de adorar outros sentimentos, de fazer crescer sorrisos em caras diferentes.
Tens tanto á tua espera, porque é que continuas a chorar?
Tu ainda não sabes nada vida. Dói-te? Tu estás a crescer, claro que dói! Tu estás a tentar, claro que erras! Mas não percas tempo, porque ninguém to vai devolver.
Voa porra! Agarra-te a tudo o que ainda não viveste e fá-lo melhor do que foi tudo o que já viveste. Não percebes?
O mundo está á tua espera. Tu estás á tua espera.
Não percebes?
Corre para a felicidade, abre os olhos para a ver. Se não o fizeres, ela não virá até ti. Se não o fizeres continuará escuro.
O que é que estás aí a fazer ainda?
Voa porra! VOA!
(e sê feliz.)


" It takes some work to make it work.
It takes some good to make it hurt.
It takes some bad for satisfaction."

segunda-feira, 12 de julho de 2010

As coisas fáceis.








Doeu-te ao início, mas agora nem faz diferença. Sentes um pequeno baquezinho,
os teus pés andam um pouco mais devagar, mas não cais.
 Na tua face não se vêm acumuladas quaisquer rugas, as dificuldades não passam
de pequenas pedras que atiras ao rio, e corres para apanhar
as festas, os sorrisos de ocasião, as bebidas pagas
por amigos de hora, o descanso das danças
entre corpos suados e mentes vãs.
Cansaste-te ao início, mas agora és tu quem controla o andamento.
Continuas, se alguém se cansar, continuas mais um pouco
para passar.
Tu não sentes falta de ninguém. Tu não te deixas apanhar por isso
a que os tolos chamam de "amor". Porque o amor é para eles, para os tolos.
Para aqueles que são vulneráveis, que são fracos. E tu és forte, és muito forte.
 Porque o amor é para os tolos, tu consideras-te muito inteligente.
Tão inteligente que a tua vida se resume a um básico trocar de figuras.
Tão inteligente que se torna fácil desistires.
De ti .Da vida. Da felicidade.
Pensa duas vezes, és mesmo feliz?


quinta-feira, 8 de julho de 2010

Dias de cão

Preciso de uma caixinha de papelão, pequena e normal.

Preciso de me pôr lá dentro e fechar a tampa.
Preciso de desenhar lá um céu, e uma praia e umas quantas coisas a cores.
Preciso de uma caixinha de papelão onde me esconder por hoje, onde fingir por hoje, onde respirar por hoje.
Lá fora está sempre frio demais, cinzento demais, poluído de mais.

Alguém tem uma caixinha de papelão, pequena e normal?



(e mais uma vez me apanhas nas voltas redondas desta vida, com o coração nas mãos, e uma quantidade excessiva de um não sei quê que me lembra que há um espaço vazio em mim, e o faz doer. Não sei se são saudades tuas. Mas se forem...leva-as para longe de mim.)

sábado, 3 de julho de 2010

The Best Deceptions

"A vida é sempre a perder."

Se alguém me puder dizer como saio daqui, por favor que grite. Grite para que o meu coração volte a bater, mesmo que seja de ansiedade.
Se alguém tiver a força necessária para me fazer mover, por favor chegue perto de mim. Chegue perto e pegue-me na mão, mesmo que logo seguidamente a tenha de lagar.
Eu perdi algo meu, se não me perdi a mim mesma, e não consigo encontrar sequer uma prova de que existi. Ou de que existo.
Há noites assim, em que todos os lugares queimam demasiado. Em que o fogo se alastra e te queima os pés, e o fumo te arde nos olhos. E tu não aguentas as esquinas de sentimentos que tens de dobrar até ao adormecer. Tu não aguentas as gotas da saudade que te caem sobre a cabeça e te encharcam o corpo e te tornam os movimentos difíceis. E tu não aguentas o vento que corre pela porta de entrada da tua vida e se cruza com o da porta de saída, que não podes imaginar de onde vem, mas te parece sempre perto, muito perto, excessivamente perto!
Fechas-te no quarto, e abraças o escuro com a maior força que os teus braços podem fazer. Sabes que a tua alma precisa de luz, mas essa luz come-te a pele até te deixar com uma pele nova e isso custa. Isso custa porque as engrenagens do teu coração deixaram de deslizar facilmente, e agora roçam umas nas outras, e entalam a tua confiança e a tua vontade de amar, e a tua vontade de salvar, e a tua vontade de acreditar, de criar, de arranjar a porcaria de vida que tens tido, e a porcaria de mundo onde essa tua vida parece fazer sentido, mas não o pode realmente fazer porque nada o faz. É essa ilusão que te continua a empurrar para um sorriso, ou um abraço a mais. E é essa ilusão que nunca vai passar de ilusão sempre que alguém chegar á tua vida, sempre que alguém te disser “para sempre”, sempre que alguém prometer que não te vai magoar. Essa pessoa vai partir. Esse “para sempre” é longo e o teu tempo pode acabar amanha. Essa promessa vai ser quebrada, e ninguém se vai lembrar de que ela foi feita, a não ser aquela a quem foi prometida.
E tu choras, e voltas a chorar, e o teu corpo desidrata de tantos dias longe do sol, de tantos dias apagado nas memórias de uma coisa que foi e que não voltará a ser. E tu perdes tempo, e tu perdes vida, e lá fora mil oportunidades ganham pernas e correm velozmente para longe.
Onde é que tu vais? Onde é que eu vou?
Há algum caminho para nós que não leve a um final semelhante e esperado desde que nascemos?
O que é morrer com honra? É morrer com pessoas que te amam perto, a chorarem-te, a acompanharem-te?
Acompanharem-te para onde? Tu ainda estás ali? Para onde é que vais, para onde é que foste?
E nessa hora, quem é que te vai levar em lugar algum que não a memória? Uma memória que fica guardada lá dentro, como guardas um livro já lido no lugar escondido da estante, como passas um capítulo e não voltas atrás para o reler.
Há noites assim. Em que nada mais parece valer a pena, mas em que essa sensação não é suficiente para te fazer desistir. Ainda não, mais um pouco.
Há noites assim, em que não me encontro nem no espelho, em que peço baixinho por adormecer.
Porque de alguma forma, tu sabes que no renascer de um novo dia, tu renasces. E o teu coração trabalha, por mais gastas que estejam as suas roldanas…e tu esqueces o fim, e vais correndo por esses caminhos…Como se de alguma forma o pudesses mudar.
Mas ele é sempre igual.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Tirei-te do meu coração.







É mais fácil fazer como se nunca estivesses estado aqui. Posso apostar que não é o melhor, mas nenhum de nós alguma vez se subjugou a essa condição quando o devia ter feito, por isso agora já nem vale a pena.
Tu odiavas quando te dizia que não fazia a mínima ideia porque te tinha guardado com tamanha eficiência. Tu querias fazer do nosso quadro triste uma coisa de filme, onde os amantes, aos olhos um do outro, eram perfeitos, simétricos e com todas as arestas limadas.
Querias fazer da realidade um sonho que nenhum de nós sonhou por sabermos exactamente que não havia condições para o tornar real. E tu bem que falavas de realidade, mas eu nunca percebi bem de que lado estavas…mas quando dava jeito, tu estavas.
Nunca entendeste que era exactamente por me recusar a fazer isso que dava algum valor ao que eras.
Eu recusava-me a dizer-te que eras perfeito. Eu dizia-te que nunca escolheria alguém como tu. E tu odiavas.
Não percebes? Não. Não percebeste. Não percebeste que eu não precisava de me iludir com imagens bonitas de um ser brilhante que não eras para acreditar em ti.
Eu sabia que não prestavas, mas queria fazer-te melhor.
Eu apostava na minha cabeça um preço mais alto em como seria eu a cair antes que te fizesse levantar, mas que queria tanto ver-te de pé que me esquecia instantaneamente de mim.
Eu queria fazer-te ser a pessoa que achavas que eras, e acabei por ser quem achava que nunca seria.
Eu dizia-te a verdade e tu punhas-lhe acrescentos por ela não te parecer tão bela quanto o que esperavas. Fugias á desilusão para contigo próprio como eu fugia á dor da tua ausência. Fazias todos os possíveis, davas voltas redondas em ti mesmo, misturavas as palavras até teres um manto brilhante e simpático que achasses digno de vestir.
Nunca mo disseste mas achavas que tinhas o mundo nas tuas mãos. Que podias fazê-lo e refazê-lo. Que estaria do teu lado direito, sempre com a bengala do subjectivo e o chapéu do relativo prontos a serem estendidos até ti, e a protegerem-te dos raios uv que irradiavam a verdade dos actos e do sentido da vida.
Metia-me pena a forma como estavas convencido disso. Metia-me pena porque estavas enganado num engano que abraçavas como quem abraça a pessoa que mais ama.
Era o mundo que te tinha. É o mundo que te tem. És tu que estás nas mãos dele, e é de ti que ele põe e dispõe.
Posso ouvir-te rir, esse riso que me irritava ao expoente da minha paciência de ter paciência. Imagino-te inundado nesse riso de quem tem a certeza absoluta que acabou de ouvir um disparate. E foi por isso que nunca saíste dessas tuas ideias que fazem do mundo um lugar assustador, e conformado.
Desde que finjo que nunca aqui estiveste que tenho sido feliz. Nem a tua falta me faz falta, nem a tua presença ausente me chama á atenção.
Os dias são cheios de sol, e o meu peito não se aperta no medo de te perder. Nem no arrependimento de te ter perdido…( tu é que me perdeste.)
Eu estou bem assim. Passo os dias á minha volta, sem me preocupar com as quedas dos outros, sem ter de pensar se estou a cair. O mundo não me assusta e eu esqueci-me até de como sorrias.
Tu querias fazer do nosso quadro triste uma tela de cinema. Mas nunca te apercebeste que és demasiado pequeno para ser visto num lugar tão grande.  Tu és pequeno, e por um triz não fazes os outros pequenos também.
Um dia quase te tirei do meu coração.
Um dia, tirei-te do meu coração. (para não o deixar apodrecer.)


*suspiro*