terça-feira, 20 de abril de 2010

Sorris?



Se olhares com atenção, se procurares mais do que procuras normalmente no teu dia-a-dia, nas tuas ladainhas de vida, de para cá e para lá, talvez te apercebas que há algo que está em falta.
Se desviares os olhos do que é teu, do que és tu, se os posares nas faces de quem te passa pelos segundos de um cruzamento ao ocasional na rua, talvez te seja mais claro, que á medida que tudo muda, nós embrutecemos.
Onde é que perdemos os "sorrisos só porque sim"?
Já não se deitam sorrisos ao ar. É isso mesmo. Já ninguém sorri para o vazio. Agora os sorrisos são como as cartas, precisam de ter destinatários próprios, um motivo bem justificado, e vão selados e direccionados numa categoria consoante a pessoa que o recebe. 
Inventaram-se mil e uma justificações para não se oferecerem sorrisos como olhares despreocupados e curiosos. É por medo, "vou-lhe sorrir, mas ela não o vai fazer." E depois isso até passa, porque até é verdade, e porque nem sequer vale a pena tentarmos gostar de quem não gostamos, ou, do mal ao menos, mostrar-lhes alguma simpatia (aqui, nem eu me encaixo). E depois há sempre aquela outra frase "Pelo menos estou a ser verdadeiro, eu não gosto dela, portanto..."
O que eu quero mesmo dizer, é que não há mãos que se estendam, só porque vêm alguém cair. Para que essas mãos se movam, é necessário que esse alguém que caiu de joelhos, que nem tem força para si mesmo, tenha depois obrigatoriamente força para retribuir (tendo em conta que hoje em dia ninguém espera o mesmo ou menos do que deu.). 
Não há gestos afectivos para quem os precisa e na maioria das vezes eles ficam guardados para quem, na nossa ideia, os merece.
Pessoalmente, dá-me a sensação que estes não foram feitos para serem merecidos, mas para serem espalhados por aí, como se espalham os papelinhos no carnaval. 
Já dizia a minha melhor amiga que «o que não se dá, perde-se». Também deveria ser assim para quem dá restritamente, tendo um conjunto de normas e regras para doar um pouco de carinho.
Já ninguém diz bom dia, só porque é bonita aquela troca de palavras simpáticas. Ainda que o receptor delas seja um estranho. 
Já ninguém põe um sorriso permanente durante sequer um dia inteiro. Um sorriso que abarque tudo o que está á volta, que seja para todos.
Já ninguém demonstra que pode ser melhor, porque nos habituamos á ideia de que devemos ser para os outros, aquilo que eles são para nós. 
Ora, assim podemos continuar a falar, que não vamos sair daqui!
Portanto, deixo um d e s a f i o...Amanhã, vistam o vosso melhor sorriso, sem regras, sem normas, sem requisitos. Sorriam para tudo, até para aquilo que vos faça parecer os mais idiotas. Sorriam para todos, até para aqueles de quem não gostam...
(Eu por mim, vou fazer o mesmo. E vou mesmo tentar...)

No fundo, tudo isto é pura cobardia. Uma cobardia afectiva que nos fecha em casulos distantes um dos outros. É triste que essa distância seja para que possamos garantir que quando quisermos abrir as nossas asas...tenhamos espaço suficiente.

 Sorris?

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Daqui até á lua.



« Se cuidas de mim, 
eu cuido de ti também
Dentro da minha mão
eu guardo-te bem.
(...)
vou marcar-te bem
como um sonho vão
dentro da minha mão.
 
 Se cuidas de mim
eu cuido de ti também
Se vens em paz
eu venho por bem
Se formos bebendo o chão deste caminho
vou guardar-te bem
agora que sei
que não vou sozinho.
 
(Por isso vem...)»
*
«- Gosto de ti, daqui até á lua...:)
- E eu, da lua até aqui ^^ » 



Muitos parabéns :')
Estarei aqui, para ti.
És imenso.
 

Elogio ao amor, Esteves Cardoso

«(...)Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito.(...)
Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?(...)
O amor puro não é um meio,não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.(...)
O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe.Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado,viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.»

 M. Esteves Cardoso ♥

domingo, 18 de abril de 2010

Suspende-te.








"See the animal in his cage that you built...
Are you sure what side you're on?..."




"...Feel the hollowness inside of your heart and it's all...
...Everything where it belongs."








"...What if everything around you, 
isn't quite as it seems?..."

















"...What if all the world you think you know
is an elaborate dream? "








Suspende-te um momento a pairar entre o ar e as suas partículas, numa cor alaranjada. Sente tudo parar por várias horas. Fica nada ali, perde o teu corpo, e esquece-te da tua alma. Não deixes que o mundo continue, enquanto não gritares todas as inconstantes que te aterrorizam. Mas, por favor não faças barulho.
Melancolia.



sábado, 17 de abril de 2010

Emaranhar-me no mundo.

Não te poderias ter sentido mais perdida num mundo que 
à partida, também te pertence.
E é nesse momento que te apercebes que deixaste de pertencer.
Que não há nada teu ali, e que deixaste de querer ali estar.




E foi como se te tivessem dado um murro no estômago, 
Ou acendido uma luz qualquer.
Uma luz que te mostrou mais claramente toda a escuridão.
E alguém te disse:
"Vives no séc. XXI, o mundo é assim...Podes tentar mudá-lo, 
Mas onde vais, sozinha?"

Onde é que vais...sozinha?




Tens de deixar ir. Tu tens de te deixar ir.
Tens de te esquecer que podes conseguir tudo.
Tens de te lembrar, que até tu precisas de heróis. (em nada és diferente)
Tens de saber encontrar em ti uma parte do mundo,
emaranhar-te nele (por mais errado, estranho e cruel que ele seja),
Pois ele, nunca se vai esforçar por ter uma parte de ti.




(Einstein perguntou, "Sou eu o louco, ou são os outros?)

terça-feira, 13 de abril de 2010

Ela disse...

..."Estás a crescer tão depressa Inês..."





E o que parece ainda mais incrível é que ela tem toda a razão.
O medo já não me prende os actos, os desejos, ou as ambições.
Já não me consigo importar com muitas coisas, e outras
não deixam de me martelar na consciência.
Sinto-me mais forte, e mais eu.
Sinto-me mais bonita, nos dias em que não me sinto feia.
Sinto-me maior, ainda que não passe do meu 1,53 cm.
Importo-me com o volume do meu cabelo.
Importo-me com o interior do meu coração.
Importo-me com a relação...Agora dar espaço, mas não deixar perdido.
Importa-me cada vez mais amar.
E ser responsável.
E ser eu, só eu, sozinha, nas decisões e nas consequências.

Quero uma pele suave, um corpo esguio, e gestos livres e ligeiros.
Já não me sinto completamente adolescente.
Não sou completamente mulher.
No meio, mas feliz.
Sinto-me...Sinto-me a crescer. A crescer tão depressa.

domingo, 11 de abril de 2010

eu mais tu = nós.





« From grey to white
So tonight
We'll cut away these puppet strings
We'll speed through roads that guide our dreams
So tonight
We'll climb the towers and ring the bells
We'll make the myths we'll break the spells

So don't you give in
Please don't let them win
There's so much to try
We'll save the world tonigh
. » 




Tu e eu, NÓS. 
(sim, agora já é legítimo dizer.) 

sábado, 10 de abril de 2010

04:39 H, e meia onda de percepção, meia onda de tristeza.


Quando olho da minha janela para a rua consigo notar tudo.
Há dias em que as vidraças se embaciam, e nesses eu distraio-me a desenhar no vapor ali impregnado. Outros, aqueles pedacinhos de vidro finamente recortado ficam tão claros que nem parece estar ali como algo sólido. 



Hoje é um dia desses.

Sinto-me como se estivesse sentada algures no espaço, tendo constantemente em vista o mesmo ponto, olhando para o mundo, tentando adivinhar quanto e se algo dele ainda se mantêm original e limpo.

Parece-me incrível, passados uns longos minutos, que por mais que eu esforce os meus olhos desmesuradamente, que busque dos binóculos, que procure por detrás de umas lentes quaisquer, acabe sempre com o mesmo peso no coração, e a mesma vontade de ficar ali, mas de olhos fechados.

Não há dia que não acorde que não se atravesse na minha frente alguma dor. Nem precisa de ser minha. Algum tipo de maldade, alguma forma de violência. As marcas nem precisam de estar á vista.

Não há dia que não acorde, que o mundo não me pareça cada vez mais doente, mais cheio de coisas vagas e vazias, mais abreviado por voltas e contra voltas que retraem as definições que conhecemos e as drogam de relatividades.

É verdade que há minha voltam todas as pessoas me falam de valores éticos e morais…É verdade que todos querem ser amados por todos, que todos tentam ser boas pessoas…O que não é verdade, é que saibam fazer isso, ou que o queiram verdadeiramente fazer.

Desde pequena que me ensinaram que as máscaras se usavam apenas no Carnaval, mas ultimamente parece andar tudo misturado…É o coelho da Páscoa com o Dia de todos os santos, é o Pai Natal com o Santo António, de modo que na minha frente só me apresentam máscaras.

Máscaras coloridas, máscaras doridas, máscaras indecifráveis, máscaras fortes, e máscaras matreiras…

E no entanto, ainda que saibamos que tudo são máscaras, continuamos a ignorar que o sabemos, e damos a desculpa que é melhor para nós e para os outros que seja assim.

A meu ver, apenas nos anestesiamos com ideias que impomos a nós mesmos em género de obrigação.

Há quem diga que quando acreditamos muito numa coisa, essa coisa se torna real…E assim vamos andando, espalhando olás, abraços e beijos…como se tudo isso no final significasse alguma coisa.

Sinto-me como se não conseguisse ver por entre o fumo que rodeia o nosso mundo.

Um gás inodoro que nos mata a pouco e pouco, mas que nos ingerimos sem sequer dar por isso. Acordamos apenas quando começamos a ficar fracos, e depois a queda é sempre a descer.

Há minha volta há tanta coisa, que por vezes, devo confessar que desisto.

Fujo para longe antes que me possam apanhar, e afasto de mim tudo o que deixei para trás.

Nesses entretantos em que estou vazia, penso nas máscaras, e no que é que realmente as faz.

Penso em mim. Eu vivo daqueles que amo, e dos que me amam…Mas e as máscaras…Se elas não amam verdadeiramente, onde vão elas buscar a força para enfrentar tantas tempestades?

E depois, logo a seguir disso, recordo-me que a ideia de pôr uma máscara é fingir ser aquilo que não somos, e então apercebo-me que todos os fortes, são ainda mais fracos do que os fracos sem máscara, que os simpáticos, os que brincam, os que não vejo nunca ceder, dobrar, remoer, fazem-no muito mais que eu.

E quando lhes tento mostrar que não há mal em parar de vez em quando para endireitar o coração, eles dizem-me indirectamente que preferem endireitar o cabelo, o decote da blusa, a jarra…ou o que seja.

No final de tudo, eu acabo por voltar para perto da janela. Fico ali á espera que ela fique embaciada, e continuo a desenhar.

Quando me lembro que o mundo está a morrer, e a vidraça fica limpa, debato-me novamente com tudo isto…para mais tarde me aperceber que se o mundo morre, somos nós que o deixamos morrer, e pensar em quão triste isso é.
Acabo por não perceber, não conseguir encontrar nenhum porque para o porquê?, e sigo em frente, como esperam de mim. 

"O mundo tornou-se perigoso, porque os homens aprenderam a
dominar a natureza antes de se dominarem a si mesmos."
Albert Schweitzer

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Tempo...






" - Porque é que eu nasci?
-Alto lá! Uma pergunta desleal!
-Porquê?
(...)
-Porque há perguntas a que uma pessoa precisa de responder a sós.(...)Tu hás-de
descobrir à medida que cresceres. Lembras-te do calendário que te ofereci no ano passado?
Cada dia abre-se uma janelinha e descobre-se qualquer coisa por detrás. Connosco
é quase o mesmo. Cresce e abre as tuas janelas. O importante é vê-las..."
 

Tobias e o Anjo, Susana Tamaro
 
 
 
 
 
 
 
*Como ele diz, tudo a seu tempo,
Há um tempo para tudo...

terça-feira, 6 de abril de 2010






Não podes fazer teu aquilo que nasceu para não ser de ninguém...












Mas todos os corações precisam de ser amados,
E tu ainda me vais pedir que te ame.

domingo, 4 de abril de 2010

Dor de cabeça.






Convulsões de decisões, consecutivas e permanentes.
Arrancas as asas e preparas-te para caminhares descalça, o teu peito encolhe-se de ansiedade por uma possível dor na planta dos teus pés.
Ainda antes de doer, ainda antes de entristeceres, ainda antes, já tens vontade de chorar.
Sabes que se partires estas cordas não existem nós que as voltem a juntar.
Queres agir, mas tu não fazes ideia quanta força têm as tranças que tens formado.
Não sabes o que vêm quando olham para elas.
Não imaginas até quanto vale a pena testar a sua consistência.
Só precisas de um colo onde hibernar enquanto estas ondas violentas não páram de te levar
com a força da corrente. Para cá, e para lá, feito pedaço de cortiça.
Vai chegar um momento em que perguntas de que vale tudo isto. Vais perguntar, um momento ainda antes
de descobrires que te pode custar o que és. Ou até nada...
Sabes que se partires estas cordas, tudo o que elas seguram cai inerte no chão.
(E racha-se tão facilmente como um globo de vidro do qual foge a magia.)





"No teu jovem coração, 
Vives na confusão..."

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Ao expoente da Loucura.




.Cansaço.Amor.Doce.Tristeza.Incapacidade.Droga.Saudade.Doença.Pressa.Amargo.Razão.Cansaço.




Hoje quero que me magoes. Quero que me faças doer no coração como se me fosses matar devagarinho.
Nesses entretantos, a dor é capaz de ser um refúgio mais eficaz que qualquer tipo de certeza.
Eu vou deixar a agonia penetrar devagarinho no meu sangue, correr as minhas veias, e envenenar-me.
Doer, ao expoente da loucura, onde a dor seja tão insuportável, que eu acabe por nem a sentir como dor.
(Começa a doer. Falta-me a minha droga.)







"Para nos lembrar que o amor é uma doença, 
quando nele julgamos ver a nossa cura."