sábado, 31 de outubro de 2009

Não era suposto.



Não era suposto doer assim. Não era suposto que o coração não se calasse, e chamasse tanto por ti.
Não era suposto ter caído, não agora que tudo estava tão bem para mim.
E não era suposto que precisasse de te sentir como uma luzinha dentro de mim, que torna o ar mais agradável ao nariz, e mais doce á pele.
Não era suposto que eu te esperasse sem sequer ter a certeza se vens, nem que cada vez que não estás perto eu não ter a certeza se ainda me ouves suscitasse tamanha inquietude em todas as moléculas que me formam.
E nada disto era suposto acontecer, mas acontece e eu não tenho força para dizer: Basta!
Nada disto devia acontecer, mas eu ainda não consigo argumentar razões contra a minha própria vontade para a convencer a desistir, de algo que ela talvez nem faz, ou que faz sem notar sequer o quanto pode vir a ser perigoso.
O quanto pode vir a ser perigoso deixar entrar todo esse aroma a Primavera a que eu renunciei.
E não…Não era suposto que o meu estômago revolteasse, e a minha garganta secasse em segundos, e as palavras saíssem entre cortadas e sem fazer qualquer sentido lógico, ou que no peito se desse um big bang sem mundo…apenas aquele enfeito de todas as partículas comprimidas e de repente ‘BUMM’, e até parece que tudo está perfeito.
Não era suposto que te tornasses uma razão ou um motivo, devias ser apenas mais um ‘ele’, mais um ‘tu’, mais um ‘sim conheço de vista…’ ou ‘sim, até me fala, mas não me dou muito.’
E como é que raios isto foi acontecer? Como é que raios conseguiste entrar onde mais ninguém até agora conseguiu?



‘ E é enquanto o tempo passa á tua volta, que começo de novo aquele ciclo de convencimentos e desistências nulas, aquelas decisões que depois não serviram para nada senão para te cansarem, porque as tomas com todas as tuas forças, mas depois, cedes, como palha seca e fraca… Que vêm de novo as sensações de andares em montanhas russas enormes e cheias de picos, que ou te levam demasiado acima, ou te deixam demasiado em baixo…E os desejos nascem e renascem e encena-los e voltas a encená-los, e nunca passam de uma imagem qualquer que por acaso até tiraste de algum filme onde o final é ‘ E viveram felizes para sempre’…
E tu sabes lá como ou porquê, e é isso o que mais te remói, o que mais gira dentro de ti, como a intersecção de duas correntes marítimas…Um buraco fundo, que por mais que encham e voltem a encher, nunca deixa de ter sede, nunca deixa de estar vazio. E tu ignora-lo, mas sabe-lo tão bem…’



Não era suposto doer assim.


Não era suposto que o coração não se calasse e chamasse tanto por ti.
(Imagem por Jokerspoem.)

Por agora...


Fechar os olhos e respirar fundo.
Um respirar fundo tão diferente dos que tenho respirado. Aquele respirar fundo que achamos, se pararmos de procurar. Aquele respirar fundo mais suspiro, que em finais, pensamos nunca mais voltar a conseguir soltar.
Por vezes… percebo-te tão bem. Percebo-te ainda que a dúvida me inunde a vontade repentina e usual de te pegar pela mão, e sentir que ela treme…Sentir a tua mão na minha, pouco certa de que deve estar, intermitente…a tentar sair, mas cujo desejo é ficar. Ficar ali, segura na minha, ancorada no meu sorriso, que esperas que não seja igual a todos os outros…mas que seja o sorriso.
É então que fecho os olhos. Fecho-os lentamente, com a calma e serenidade que essa certeza, ainda incerta, me convêm… Essa certeza que me sobe demasiado, que me faz leve, demasiado leve, levíssima demais para alguém tão cheio…Um dente-de-leão adormecido numa rajada de vento.
Tentar fugir de ti, agora, é tentar fugir de mim…Eu não posso sair de mim, não posso abandonar-me…Posso apenas esperar que tu o faças. Mas talvez que nem fiques completamente. Ou talvez que fiques imenso sem sequer teres noção que o fazes.
Achei que não conseguia fechar os olhos e respirar fundo com toda essa suavidade que o sentimento impõe aos actos, aos pensamentos, às palavras…
Vi-me ainda presa, ainda muito apegada á chave que me transpõe e me ultrapassa, mesmo sendo minha, e que eu segurei todo este tempo, sem saber que deveras o fazia…Ouro transparente nas mãos de uma criança pobre.
Fecho os olhos. Fecho os olhos sem ter medo de cair, de me atirar de encontro a ti, porque na minha teia de razões e de adivinhação, de actos e emoções, ainda está presente a inicial inocência de que te posso guardar em mim sem que o tenha de te dizer, e que ainda assim, tu vais estar lá para me segurar. Que queres correr e apanhar-me, e que isso não te magoa as pernas, e não te cansa o corpo.
Fecho os olhos. Fecho os olhos sem ter medo que milhões de ilusões e mentiras se agitem sedentas ao meu redor. Por agora está tudo bem, e por agora não preciso de mais nada senão desta calma, deste arrepio frenético que não pára de me fazer sorrir, desta força que constantemente me puxa para outro qualquer lugar…tão tão longe daqui…tão tão melhor que aqui.
Para outro qualquer lugar onde o sol não brilha, mas também não chove. Onde o céu não é azul suficiente para dizer que seja, e onde o cinzento não reina. Onde o ar não me sufoca, e não me atordoa, cheio de cheiros doces…mas que me entra pelos pulmões fresco e simples.
Para outro qualquer lugar.
E agora até parece que tudo isso te move, mas não te mexe. Move-te para lá de quaisquer barreiras, e nem sequer mexes um pé.
Há quem olhe para mim e diga que desta vez consegui. Que agora é a sério, o mais a sério de todos os a sérios, porque desta vez eu recuso-me a dizer que o é. Porque desta vez eu não quero que tu notes que eu troco as palavras, e não largo as mãos…que mesmo não olhando, eu olho e dirijo toda a atenção.
Desta vez eu não quero que as ânsias me transformem em marés de inconsequência desvairada, que só pára quando embate. Não quero que o tempo tenha controlo de mim desta vez, se é que há esta vez.
E agora, agora até faz sentido para mim ter o coração distraído. Mantê-lo desocupado para que se prepare, mantê-lo adormecido, para que ele realmente acorde.
Por agora está tudo bem. Enquanto os meus pulmões estiverem embevecidos, o meu coração de novo em tons de vermelho sangue, e os meus olhos semi-fechados, semi-abertos, tudo fará sentido. Tudo estará bem.



quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Silêncio.


E na voz do silêncio podes ouvir tudo. Ouves tudo o que existe para ser dito.
Na voz do silêncio soa tudo. Tudo o que precisa de ser dito.
Não o temas. Não o queiras forçar a evaporar-se. Não instales em ti esses burburinhos que são um semi-barulho, que não te deixam ouvires-te, ou ouvir os outros.
Que te deixam meio zonzo e apagado, e te fazem andar na vida aos trambolhões…Que te fazem cair, e cair, mesmo antes de te levantares…
Ouve o silêncio. Pois é no silêncio que o coração fala.
É nele que precisas de confiar, tens de confiar. Procuras por razões, e palavras que te acalmem o respirar, e não queres perceber que não é esse o caminho.
Tu não precisas de mais barulho, estás cheio de barulho…a tua vida parece uma discoteca onde a música não pára de tocar…E tu perdeste no meio dela por não conseguires perceber onde está a porta de saída, e a de nova entrada. Andas por ali enrolado, como uma criança se enrola nas ondas, e ignoras que precisas do silêncio.
Talvez tenhas medo dele, talvez que te assuste essa serenidade toda, esse sentimento bom…Não sabes lidar com ele.
Mas ouve o silêncio…Vá lá…ouve-o.
Deixa que ele te fale, e depois tenho a certeza que perceberás que afinal, só tu tinhas as respostas e as palavras que tanto procuravas.
Que tinhas em ti, muito mais que esses sentimentos de cansaço e desilusão…esses sentimentos de marca usada, e de coisa repetida. Coisa sem gosto, sem brilho…


Escuta a voz do silêncio. Escuta-te. Estás a precisar de ti, mais do que qualquer outra pessoa.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Fechei-te.

Estás tao fechado, tão fechado, que eu deixei de te saber abrir.
Jurei proteger-te e guadar-te, para que niguém te pudesse ferir.
E achei que eu bastava. E achei que bastava tudo o que já tinhas e que em ti já estava.
Por mais que eu tente, eu não sou capaz. E na verdade, acho que ainda não tentei o suficiente, e as minhas pernas já tremem, e a minha garganta já tem em toda a sua largura um medo a toldar a passagem do ar.
De repente, é como ter tudo na mão, mas não saber o que fazer com esse tudo, porque não sei onde me deixei, onde te deixei, e onde terei esquecido a capacidade de amar, de amar com toda a força, toda a vontade, e toda a disposição.
Será que o amor se desaprende? Será que de um momento para o outro o teu coração ganha amnésia, fica com alzheimer, ou foste tu que perdeste a capacidade de ver nos outros o amor?
Estou demasiado preenchida. É assim que me sinto, e um pequeno deslize, pode destruir o castelo que eu tenho tentado construir este tempo todo...peça a peça. Detalhe a detalhe. Sem deixar que ninguém entrasse para que não voltasse a derrubar tudo o que com tanto esforço eu fui amontoando em ordem.
Descobri que sozinha não sou capaz de construir qualquer tipo de castelo...nem um quarto, quanto mais um castelo. Sozinha, torna-se mais árduo carregar a experiência de vida de um lado para o outro.
Sinto-me como um barco á deriva na tempestade...Como uma bússola a quem roubaram os pontos cardeais...Por vezes sinto-me tanta coisa, que deixo de saber o que sinto, ou o que sou.
Eu fechei-o. E agora não faço ideia de como o abrir.
Desaprendi o amor, ou desaprendi de acreditar que ainda há amores que te seguram, mais do que te aguentam?

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Fala Comigo.Fala para Mim.


Fecho os olhos. As luzes intermitentes, confusas, enjoativas desaparecem.
Tapo os ouvidos. Acabam-se as gargalhadas, os chamamentos, os sons indiscretos, os indefiníveis, os meio ouvidos, os gritos.
Cerro os lábios. Vão-se as palavras meias, os verbos vãos, as intenções neutras desnudadas, os impulsos, as facas afiadas e transparentes, os aconchegos cheios.
Respiro fundo. E o ciclo se inicia novamente. Com a mesma pressa, e a mesma lentidão. Da mesma forma, do mesmo lugar. Chega a todo o lado e volta para trás.

“ Atira-te. Atira-te depressa. Não penses, nem percas tempo a respirar. Que o teu próximo esforço seja lançares-te para a frente como se lança um sonho ao ar. Com a mesma disposição triunfante até que voltes a tocar o chão. Com a mesma sensação de que vais alcançar o sol, de que vais deitar-te no seio da Lua. Atira-te vá! Porque esperas? Por quem esperas? O tempo acaba-se, e tu só consegues pensar e pensar…e envelhecer, e perder a graça, e ficar sem cor, sem brilho, sem vontade. Vá, está na hora. Atira-te. “


Atira-te. Diz ela. Ou ele. Atira-te. Mas para onde me atiro eu? Onde vou eu cair?
Não tenho lugar onde queira certamente ficar, há alguns que nem conheço, e dos quais depressa me vou cansar. Dos que tenho, todos me fartam, todos me enchem, e enchendo-me deixam-me mais vazia que uma caixa de cartão canelado.
Atira-te. Não posso. Não posso. Não posso. Não consigo sequer olhar para baixo desta varanda no 100º andar. Não consigo sequer olhar as vidas lá em baixo, sem ficar enjoada, sem a cabeça rodar, e as pernas falharem. Não quero. Dói muito. Não consigo sequer respirar de alívio por começar, mas a minha respiração prende-se ofegante ao factor acabar. A palavra mete-me doente só de juntar as suas sílabas e ver na minha mente a imagem distorcida que dela me impuseram.
O tempo acaba-se. Mas eu não pedi que ele passasse. Ele devia estar quieto agora. Devia estar ali, mesmo á beira do rio onde a cascata que me enrola e me faz engolir esta água onde os sentimentos perdidos puxam e esticam, e encolhem, e amassam como se fosses massa de pão, vai cair, e sossegar. Vai cair e ficar inanimada. Era suposto ele estar lá, ele ter esperado por mim, porque ele sabia que me estavam a puxar para trás, e me estavam a cansar as pernas e os braços e todos os minuciosos músculos do meu corpo com que eu tentava chegar a si. Ele sabia que eu queria chegar a si, não pode ter ido embora.
Na verdade, quando as minhas costas embaterem nas rochas polidas pelas águas onde os sentimentos harmoniosos te fazem vaguear entre o sono, e o adormecer, o tempo já não vai estar lá. Ele nunca esperou por mim, e eu sabia que devia ter sido eu a chegar mais cedo. Devia saber mais cedo que eu precisava dessa água de sentimentos plenos. Devia ter deduzido mais cedo que todos os outros, os outros que descem pela cascata, rodeados de uma brusquidão silenciosa, como os filmes antigos onde a imagem demonstra tudo, me iam fazer chegar atrasada.
Vá, está na hora. Atira-te.
Tu falas, falas sempre, meia volta e voltas a estar aqui. Não sei quem és. Não sei de onde vens. Mas dá-me a sensação leve de que te conheço tão bem quanto a mim mesma.
A tua voz, que eu nem sei se é voz, ressoa sempre algures…Acho que é só para mim. Parece que só eu a oiço…Mas eu tenho os ouvidos tapados. Explica-me. Sou humana e não entendo. Sou limitada e continuo a achar que não consigo. Não acho. Eu não consigo. Não tenho força suficiente para acreditar em ti.


“ Tu conheces-me tão bem, e tu sabes que sim. Sabes que eu estou sempre perto de ti, em cada acto que fazes, em cada vida que metes o pé, o braço, a mão ou até o corpo todo. Eu ponho-te sempre duas fileiras á frente, divididas, uma de cada lado. E tu percebes sem sequer ser necessário fechares os olhos, tapares os ouvidos ou cerrar os lábios. Respirar fundo, lá respiras. Deixo que o faças, parece deixar-te mais decidida em apenas um sopro.
Ainda assim, em todas essas vezes que vês um número estimado de coisas do teu lado direito e do teu lado esquerdo, tu sabes sempre impor-lhes uma cor, um cheiro e por final um sabor. Tu sentes logo quais os amargos e quais os doces. Já te enganaste. Já me culpaste. Mas ainda assim viste o quão mau sabor deveria algo ter, para que o doce te parecesse o mais doce de todos. Acho que aí deixas de me ouvir. Acho que aí, torna-se fácil para ti voltar a encher, gota por gota o lago que puseste por baixo da tua alma insegura e reservada. Por vezes acho que devias aumentar a capacidade dele.
Atira-te. Vai. Confia em mim, pois eu sei, que tu sabes que és mais capaz do que alguma vez imaginaste que serias. “


Continuas a ecoar. Dizes-me para avançar. Mas avanço para onde? Não há qualquer trilho de miolos formado no chão e as árvores são demasiado altas para que eu consiga ver onde está a montanha. Por vezes, é como se já estivesse a meio da escalada. Outras, nem ainda a comecei.
É como se o globo estivesse suspenso como espanta espíritos algures, e alguém o empurrasse com o dedo. Apenas pela piada de o ver girar, e girar, até este se entorpecer. E eu caio, eu ganho ânsias e as náuseas trespassam-me o peito e a mente. Deixo de pensar. Deixo de querer. Sento-me. Paro. E fico a olhar para o nada, que parecesse nesse momento bem mais interessante que o que me possas mostrar. Não caio só da montanha. Caio também do globo.
Depois…bem, depois parece tudo mais difícil. Tudo o que fazia sentido, deixa cada vez mais de o fazer. Tudo o que eu queria muda repentinamente, mas ainda assim, eu não consigo ficar de um só lado. Tu não me dizes nada. Ficas calado. Ou calada. Pões-te com palavras meio sábias, meio adivinhas. Credo! Eu não sou vidente. Pior que isso, eu não sou Einstein. Ainda assim, parece que adivinhas que eu consigo adivinhar tudo o que dizes, de uma forma não dita.
É por as tuas palavras alegóricas e metafóricas que vejo o meu limite expandir-se. Que eu vejo as minhas pernas ficarem do mesmo tamanho, mas no entanto crescerem. E, lá por entre os cumes dos pinheiros e de todas as outras grandes árvores que desconheço, que vejo, envolta em alguma neblina, a minha montanha. Não está bem clara. Não está denotada. Mas eu ponho-me de novo a caminho, como se o sol incidisse sobre ela com todo o seu fulgor.

“ Então tu és mais minha, do que eu sou tua. Porque sou eu quem te rege, quem te move os pés e nem tenho de lhes tocar. Então, eu percebo-te melhor do que me percebes. Tu nem me percebes, não me adivinhas. Mas eu a ti, como dizes, consigo dizer-te tudo, sem sequer te dizer nada. Continuo aqui, talvez, ou tendo mesmo a certeza porque eu preciso de ter alguém que interrogar…e porque tu precisas de te sentir interrogada. Rodeada de questões. Eu preciso de parar alguém. E tu precisas que te parem. Eu preciso de te encher, e de te esvaziar. E tu precisas de sempre que te sentes cheia, te sentires vazia, para que voltes a conseguir ver o quão bom é estar cheia. “

(Continua…)

domingo, 18 de outubro de 2009

Arrum o teu coação.



Arruma o teu coração. Põe tudo no lugar certo: apanha a esperança do chão, ordena os medos na estante, pôe os preconceitos no destruidor fica vê-los desaparcer. Limpa do tapete as palavras amargas, e limpa os quadros das doces. Atira janela fora as fotografias das verdades dolorosas, mas guarda os negativos como prova de um crime. Desata os sonhos da cerca do quintal e deixa-os subirem e subirem...até ao sol.

Arruma o teu coração, torna-o simples, torna-o leve, torna-o limpo.

Torna-o espaçoso.

Depois, como se nunca deixasses de ser criança, como se nunca se tornasse para ti difícil acreditar, como se as asas ainda existissem, e os olhos ainda brilhassem, como se ainda esperasses que algum príncipe te viesse buscar, fecha os olhos, pede um desejo.


Enquanto acreditares, nada é impossível, enquanto tiveres saudades, não esqueces, enquanto precisares, não deixas de amar...enquanto puderes sorrir, não é tarde de mais.

sábado, 17 de outubro de 2009

Meu anjo.


Não sei realmente se te conheço. Não sei se te posso conhecer ao ponto de me conhecer a mim mesma em tino fundo eu não me conheço. Não me conheço, e só junto de ti tenho a breve ilusão de que sou alguma coisa a mais que aquilo que sou. Que os outros acham que sou. Que o que eles dizem, o que eles elogiam ou criticam…o que eles ofendem, atacam ou defendem.
Posso até nem ser nada, mas no meio desse nada, existe algum tudo…Algum tudo que revolteia no ar, e suspende todos os suspiros e toda a aragem fresca da madrugada quando ficas em mim, mais do que devias ficar. Quando te agarras a mim com a força de mil homens, e mil criaturas do reino da magia. Quando os teus olhos não sabem fixar-se noutro lugar senão no meu coração que fica tão desnudado no calor do teu sorriso. Quando a tua mão não só me segura, mas me puxa persistentemente para que me levante, para que não me canse já, para que não esteja ainda cansada. Porque ainda tenho muito que andar…Ainda tenho que me encontrar comigo mesma daqui a 25 esquinas de dor, e mais umas poucas de escuridão…passando por certas avenidas claras, com sol ofuscante, onde a felicidade me dá encontrões, e me passa rasteiras para eu ficar um pouco ali. Para não ir logo embora.
Falei-te tanto dessas ruas…Talvez porque queria que as andasses comigo, e ainda que não me encontrasse em mim, ou em ti, havia sempre aquele pedacinho de ‘algum tudo’ que me confortava e até me fazia pensar que era capaz de novo…
Não sei se realmente te conheço…Mas não consigo temer-te. Não consigo virar o meu sorriso, e oferecer-te umas costas curvadas que gritam desilusão, não consigo correr de ti. Na verdade, eu esforço-me tanto á toa para não correr para ti. Cerro tanto os dentes, imobilizo tanto os meus músculos, que eles sobressaem por a pele, esticada, impregnada de esgares. Porque eu quero, mas não quero correr para ti. Porque eu quero…mas não tendo medo de ti, causa-me medo tudo isso que me faz correr em direcção ao teu peito…Essa vontade súbita e extrema de voltar a encostar a cabeça nele e deixar que as lágrimas que sufoquei antes, fluam agora livres como as chuvas de Dezembro. Esse desejo brusco de estares aqui, mais do que já estiveste, mais do que alguma vez possas estar. Essa…essa ânsia sem sentido, mas que dentro de mim faz o maior sentido que alguma outra frase, vocábulo, sentimento ou pensamento fizera.
Queria até chamar-te de anjo. Mas eu não sei se te conheço. Não sei se ao chamar-te anjo não falo apenas daquela susceptibilidade que tenho á tua presença…Talvez seja eu a única que te sinto, quando mesmo não estás…Que te respiro. Que te bebo. Que te ‘snifo’. Que me drogo de ti, me embebedo de ti, e faço do meu delírio, um facto, e falo dele com o brilho de todas as estrelas no meu olhar, com a expressão de uma louca estampado no rosto, aberto, feliz…Num acreditar tão inocente que pareço uma criança.
No fundo não me conheço. Não sei que parte de mim te acha possível, ou fácil. Que parte de mim te aceita e te tolera…E que parte de mim te adora e te ama. Se existe sequer uma parte de mim que o faz…No fundo não me conheço…Por isso posso dar-te uma desculpa. Por isso posso dizer-te que sou adulta, que sou criança…ou para falar a verdade, que não sou nada.
Que ainda não sou capaz de ser alguma coisa, porque me faltam motivos para ser, porque me faltam horas de sono onde eu seja capaz de descansar, onde eu possa deixar que a minha cabeça se ordene…Que as minhas ideias não sejam sempre e repetidamente subornadas pelo coração, e que por mais que tentem sair vitoriosas desse conflito de razões, acabem por se cansar e se submeterem. Elas na verdade querem cansar-se. Querem ficar por baixo do coração, querem ter uma boa desculpa para ele sair sempre triunfante. Porque assim, têm um motivo, ainda que nele não acredites, ainda que nem eu própria acredite e o personifique e o carregue dessas coisas que o parecem fazer mais credível. Para pudermos acreditar, e sorrir ao adormecer.
Meu anjo…Posso chamar-te meu anjo? Posso chamar-te anjo?...Ou chamo-te só meu?...Meu, meu qualquer coisa. Meu move sóis e luas. Meu quase tudo nada. Meu…anjo.
Não sei se posso conhecer tudo o que te rodeia e não me perder por lá. Não ficar meio indecisa, meio ‘vou não vou’…Porque eu realmente não conheço até que ponto me conheço. Não conheço até que circunstância eu vou continuar a chamar-te ‘Meu anjo’. Se depois de cresceres e perderes essa parte jovem que acordava, que eu abanava e sacudia em ti, que te fazia tão muito mas pouco parecido a mim, posso continuar a chamar-te anjo. Nem sei se agora o posso fazer. Se quando souberes que o faço, quando souberes que és tu essa qualquer maré de escolhas e gostos e ideais todos condensados em palavras simples e sorrisos descomplicados que me parece ter estado sempre á espera, que parece que está sempre atrás de mim, abraçado ao projecto de corpo de mulher que ostento…protegendo-me de mim própria, não vais deixar de estar desnitidamente em toda essa confusão que eu faço. Em toda essa confusão clarificante que me sussurra aos ouvidos, e me diz sempre que preciso de ti mais do que precisei, mais do que ainda vou precisar.
Precisar de me segurar em ti, ou precisar que te segures em mim…Precisar que precises de mim da mesma forma que eu preciso de precisar de ti. Para que não haja decrespância entre o meu olhar e o teu, entre o meu sorriso de ‘finalmente’ e o teu sorriso de ‘cheguei’. Para que eu me possa conhecer em ti, e para que tu te possas conhecer em mim…e para que sabermos o que somos. O que tu és, o que eu sou, ou o que sempre fomos, para além do ‘nada’ e do ‘algum tudo’…

Meu anjo. Não sei se realmente te conheço. Mas estás e eu esqueço-me que de repente posso cair das tuas asas de penugem calmante, mas confio demasiado em ti. Confio demasiado em ti para acreditar nos teus silêncios mal conseguidos, e na força com que seguras a tua mão de tocar a minha face.
E no fundo eu não me conheço. Mas perto de ti, é como se eu não precisasse sequer de me perguntar quem sou além de ser eu. Alimenta-me; completamente ser apenas a tua…qualquer coisa.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Senhor...

' Senhor, Sei que me falas e me chamas...
Ajuda-me a disponibilizar o coração para Te acolher.

Senhor, sabes que os meus medos e as minhas incertezas são imensos...
Que eu vá descobrindo em ti o meu abrigo e a minha esperança.

Senhor, há tantos momentos que me acho dono de mim e da minha vida...
Ajuda-me a parar e a escutar-te no silêncio do meu coração. '


* Tudo o que te parece difícil pode ser muito mis simples, se aceitares apenas que precisas de alguém que te dê a mão. :)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Desencontrados...



Nós andamos assim, tão libertos e tão presos no mesmo sonho… (pesadelo?).
Tão mudos, cansamo-nos de gritar um pelo outro, tão perdidos, só te encontro a ti, só me encontras a mim no meio do nevoeiro da manhã, num dia de Inverno simples e chuvoso.
Nós estamos assim…tão cansados e não paramos de nos querer, tão loucos numa sanidade exagerada de fazer tudo correcto.
Porque tu não disseste e eu calei, e olhámos e fingindo não me perceberes, percebeste até aquilo que eu acharia impossível adivinhares de mim. E talvez tenha sido sempre assim, de cada vez que num espectro de luz a minha alma se tenha condensado na tua sem sequer pedir.

E sim, nós morremos no perigo de sentirmos apenas uma coisa na junção dos nossos braços e o doce desse mesmo veneno nos correr nas veias e nos embebedar feito feitiço.
Somos falcões numa noite fria, quando até as ervas daninhas dormem, e nós nos falamos em dialectos não interpretados…E somos o próprio adormecer da razão quando num toque nos enrolamos em expectativas sonhadas, porque quando sorris de forma idiota tudo parece possível…Essa possibilidade que passa com a geada da madrugada e nos deixa divididos e certos que estamos inteiros.


Mas de que serve metade de um coração vazio?


Irritas-me, fazes-me gritar e as palavras fogem, a língua enrola por não me puder contrariar…porque tu queres mas querendo convencer-te que não queres deixas de querer ouvir todas essas palavras doces que eu sou capaz de injectar de glúten.
Andamos assim tão longe, e mais perto era impossível. Estamos assim tão calmos, mas mais adrenalina nos destroçaria o coração.
Fugimos porque é mais fácil, mas mesmo assim continua a ser difícil…e se perguntares porquê, eu vou questionar atrás de ti…
E se para mim a pergunta for dirigida, então eu vou dirigir a minha a ti, só para que saibas que ainda penso em ti.
Ouviremos mentiras, porque a verdade é tão simples, mas tão complicada neste mundo de mentes reduzidas e não se pode dizer. E é bem mais cómodo e doloroso calá-la e guardá-la como um segredo, e abraçar esse mesmo segredo como se ele tivesse braços musculados e quentes, e uma mão suave e carinhosa que amaga o cabelo e faz a espinha arrepiar.
Talvez nesse momento, enquanto cada um abraça o seu semelhante segredo no seu canto, uma lágrima queira fugir, e manchar a t-shirt, ou a pele bronzeada…Ou essa pequena gota fique a inundar as ilusões que o coração formou para dar coragem.
Vamos sempre pensar que um dia tudo vai dar mais jeito, e nesse dia poderemos então dizer ‘Esperei por ti’. E os dias serão como raio numa tempestade, e o amor, continuará como estrela no céu.
Pois no dia em que realmente te amar, eu vou ser o ser mais fraco e ao mesmo tempo o mais forte que poderás conhecer, mas se disser mesmo que te amo, a tua língua vai prender as palavras, mas o teu peito vai explodir de tantas ânsias guardar.
E no entanto, vamos continuar loucos, nessa sanidade de fazer tudo correcto.
Posso ainda ouvir, numa melodia ditada pelo movimento das nuvens a solo, ‘Quem disse que o amor não tem idade, estado ou lugar? ‘
Pois, agora o amor não acontece ‘apenas’, ‘só’, mas precisa de momento exacto, de idade e lugar oportunos e de uma razão qualquer que nos diga que não estamos a ficar loucos, que não estamos ‘chonés’, que não somos umas criancinhas a aceder a um capricho de gente grande.
O que eles sabem e fingem não saber, porque têm medo de se perder, porque não gostam de arriscar, porque são demasiado racionais e se acham defensores das enganadoras verdades universais é que o amor é assim.
O amor é louco, e não tem tempo a perder. O amor não anda, o amor corre porque parece chegar sempre tarde, e se for tarde, o muito vai parecer demasiado quando pode nem ser nada. O início vai parecer o fim, pelo simples motivo de teres medo que acabe sem ter sequer começado, e no entanto ele já começou e tu nem sabes que começou. O amor vai ser tudo, e vai parecer nada, mas no fundo por parecer tudo é que queres que pareça nada, para que doa menos se tiveres razão, se for apenas uma ilusão barata.
O amor, é o extremo, será o extremo e nunca pode ser ‘só’ o amor. Porque ele dá-te tudo, tira-te tudo, e é quando achas que tens nada que te apercebes que tens um dos poderes mais exclusivos que Deus te pode dar.
Em todos os actos vais ver egoísmo, vais ver cobardia, porque querias ser a heroína e acabaste por ser a vítima…mas no fundo és uma heroína porque foste tu quem teve a coragem de dizer ‘Amo-te’ e de dar o coração aos infortúnios da montanha russa dos amantes.
Porque amar implica coragem. Amar implica ficares sem sol só para que o outro não tenha frio. Implica ofereceres a tua lua, só para que o outro tenha algo que o ilumine. Implica caminhares descalço para que o caminho suavize para quem está a teu lado. Implica repetires as mesmas palavras, mesmo se elas forem cansativas e secas, só para que o coração do outro rejubile ao ouvi-las.
Implica que dês o teu coração, sem teres a certeza que ele será bem tratado, confiando que o outro te quer tanto bem como aquele que lhe queres.
E nós estamos assim, tão cansados, mas não paramos de nos querer, porque quando amas dói muito mais desistir por não saber do que acabar a sofrer e saberes que fizeste tudo por muito mais que um básico querer.

[Dedicado á Minha LeonorFernandes.][pp]

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Cartas para mim, Cartas para ti (2)


Desse lado a vida parece-me mais calma. Desse lado, parece-me mais tua, mais minha, mais nossa. Mas este ‘nossa’ parte-se cada vez mais ao meio, e deixa de existir um nós em tudo o que nos pertence. Se é que alguma vez existiu.
Posso assemelhar-te a um pilar. Sustentas-me. Talvez seja essa a razão pela qual não te posso partir, porque não consigo dirigir-te golpes certeiros de machado, como se faz com as árvores. Porque és tu que me manténs em cima, és o meu chão e a força que eu me convenço que tenho para não ter de me culpar de ser cobarde.
Sem ti, posso cair. Sem ti, vou cair. Vou sentir a queda de lá de cima, donde consigo olhar toda a cidade, onde consigo ver o cume das poucas árvores mais altas, e onde avisto até o terraço dos arranha-céus. Mais que a queda vou sentir os meus cacos, e depois os teus, e ainda vou ser capaz de saborear com ardor o rasgar do canto do meu coração, aquele onde tu estás, onde está escrito o teu nome seguido de um sinal de mais e á palavra eu.
Desse lado estás tu, mais que um pilar, estás tu completo, vivo e capaz de abraçar alguém.
Estás tu, mais que o mar, ou as paisagens perfeitas, e o sol que brilha ainda que chova…E numa estalada de felicidade o meu peito quer abrir espaço por entre as cordas vocais adormecidas, abana-as, esbofeteia-as e salta-lhes em cima, na tentativa que deixem passar os gritos de euforia sem nexo, do amor de segundos que me pica, e logo de seguida morre, como vespa ameaçada.
É por essa mesma razão que eu não consigo ficar sossegada deste lado. Não me alcanço na obrigação de parar de andar de um lado para o outro, de caminhar de sítio para sitio…prova nula de me sentir completa em algum desses espaços. Falta sempre alguma coisa, falta sempre a parte da verdade sólida, do amor realmente sentido, e não apenas de palavras que me fazem continuar na espera…ou talvez que essas palavras sejam aquilo que te faz como meu pilar, e é por seres o único que agora me segura que eu não quero carregar no botão de Play, e ver a vida seguir.
Falas-me de futuro. Falas-me das grandes coisas que vamos fazer juntos, de tudo o que nos pode fazer sorrir, e completar aquilo que começámos sem nos apercebermos…Mas o futuro é tão longo como a extensão de céu que nos cobre as cabeças. O futuro pode ser o dia de amanhã, ou daqui a 20 anos. E daqui a 20 anos eu posso não estar aqui, aí…posso já nem estar em lugar nenhum, ou estar em todos os lugares. Podes não estar tu. Podemos até ter batido com a cabeça e matado os bichinhos da memória. Ou os glóbulos podem já ter convocado uma reunião de emergência com os bichinhos da memória e ter-lhes dito que eles tinham de se reformar porque estavam a provocar demasiados danos na central, no coração, e assim recusam-se a trabalhar.
Enquanto ainda podemos sonhar não nos apercebemos que estamos perto do fim das histórias que começam em ‘Era uma vez’ e acabam em ‘Viveram felizes para sempre.’
Estamos perto de querer ser maiores, de querer marcar uma posição e não ver os outros olharem-nos como alguém estranho.
Um adulto. Pequenos adultos.
Também é assim quando somos crianças…A partir dos 6 anos, dizemos que não acreditamos no Pai Natal para na escola não sermos alvo de risos. Depois deixamos os amigos imaginários e começamos a fechar-nos dentro de nós sempre que estamos sozinhos, e acabamos até por começar a dormir descansados pela noite fora, porque desacreditámos o Papão.
Para nós já nada dessas coisas existem.
E agora começa a desvanecer-se, fumo de fogueira extinta, a nossa imaginação…As asas ficam mais pesadas, e os pés têm mais cola. Faz doer mais a alma e as costas, dá demasiado trabalho e temos ainda que pensar naquele amigo que ficou chateado, e naquela rapariga ou rapaz que está mesmo perto de ti, que te é possível tocar, ainda que não mova sequer uma célula de euforia no teu interior. Temos de ficar onde o chão é plano e seguro, ainda que essa segurança não te faça adormecer com um sorriso todos os dias restantes da tua vida.
A imaginação vai acabar, e com ela os sonhos. Os sonhos das noites em que adormeço planejando deambular entre o cruzamento do consciente e do subconsciente, sonhando que a tua mão está entrelaçada na minha, que o nosso olhar se prendeu no mesmo ponto, e ainda que seja a coisa mais sem graça que já tenhamos visto, parece-nos deveras a mais perfeita, a mais brilhante, a mais polida, porque tu estás em mim, e eu estou em ti. E estamos. Cada célula grita pelo nome um do outro, cada milímetro de pele arrepia-se ao tocar na tua, na minha, os perfumes parecem mais estonteantes e mais apetecíveis…e nós estamos.
E é aquilo que sonhamos que queremos…Ou seja, um dia eu vou deixar de te querer, porque partimos os nossos sonhos como pratos de porcelana velha e gasta do tempo. Porque também eles serão essa porcelana, essa porcelana que de tantas vezes ser utilizada está fina, está frágil, e pronta a quebrar, por uma palavra apenas, por um grito apenas…Por um pesar de mais de mil faltas anteriores que agora parecem maiores que no momento porque se emaranharam em esperanças duplicadas, esperanças que eu renovava tão facilmente, mas que agora parecem ser demasiado secas para passarem na minha garganta.
Está tudo no início, mas no final. Está no início do final. E é isso que eu tento esconder de mim, que eu tento esquecer em mim, empurrando todos os factos como pó para debaixo do tapete que é a verdade, e que todos querem levantar e tirar do chão da sala, para me impedirem de escorregar.
Mas não adianta, porque eu sei que preciso de cair. Não adianta porque por mais que eles tirem esse tapete, tu continuas como pilar, como força que me ergue para lá de coisas reais, mundanas, substanciais.
Fazes-me acreditar naquilo em que acredito porque sei que se acreditar vou achar que é mais simples continuar a caminhar em frente em vez de me estacar na valeta, á espera de boleia, de uma boleia que não me faça andar.
Eu não quero ver. Tu não queres ver. Ou tu vês, e não me dizes nada, ou até não te importa se estás a ir embora, ou de chegada. Talvez seja igual para ti, se eu disser dói, ou se eu disser que estou bem e não se passa nada…
Mas como ainda tenho força, uma réstia de força e de sonho, continuo a impedir-me de desistir já, ainda continuo a avaliar o quanto és importante. Se os bichinhos da central e do centro nervoso, me dizem a verdade, ou se estão, também eles, a tentar facilitar o seu trabalho! (É que é difícil trabalhar se estamos desanimados ou tristes, sabes.)
E é enquanto nós não crescemos demais, enquanto as nossas asas ainda estão leves e os nossos pés podem sair do chão, enquanto o nosso coração ainda pode mandar por si mesmo, e nós o deixamos vencer tenha ele ou não razão, que tu vais continuar a ser a minha força, o meu pilar, e tudo isso que de resto me alegra e me entristece.




TuaEstrelaGuia*
5 de Outubro de 009