quarta-feira, 29 de abril de 2009

Não tenhas disso, de nada disso.



Não tenhas mais de um sonho em ti

Não sigas quem te fala, nem apenas quem te sorri.

Sorrisos mostram-se diversos

E os verdadeiros são mesmo os travessos.


Não tenhas mais do que uma pessoa no teu ser

E escolhe bem, mesmo sem puder escolher

Não deixes que entrem em ti e te roubem

Tudo aquilo que te ensinou a viver.


Não tenhas em ti mais que uma esperança

Elas pagam-se caras, ficam na lembrança

E enquanto a vida passa

Sentes a esperança cada vez amis baça.


Mostra de ti, uma só face, um só polo

Não enganes quem te bem quer

Nunca caias num erro de cantar num solo

Querendo apenas alguém que não vais estar.


Não cresças dessa maneira,

Sem um caminho certo

Deambulando de faixa para faixa

Como um carro num deserto

Pronto a ruir...


E neste momento, não tenhas disto que eu tenho

Nunca sintas o que sinto agora

Nunca tentes o que eu tentei

AGuentar um coração que precisa de sair

Uma verdade mentirosa que precisa ruir

E quando achares que está no momento

Não tentes apanhar cacos, deixa-a partir.


E neste momento eu sinto-me numa contrariedade que eu contrario

Pois talvez caminhe de encontro ao abismo

Com uma vontade própria

Sem seguir qualque abalo de sismo

Apenas insistindo em correr
toda essa estrada longa

Para te puder mesmo ver.

Hoje.

Que significa ser a pessoa errada?
O que faz com que tudo dê em nada...
Uma ilusão como escolhas importantes
E mais de mil e uma palavras redundantes.

Ocultar um pedacinho desta vida
e ela já é tão pouca...
No momento seguinte podemos enfrentar a porta de saída
E a rua fria lá fora, como louca.

Nunca cheguei a perceber um sentimento
Uma hora verdadeira em que ele estivesse mesmo dentro.
Engano-me com palavras mascaradas
E morro, devagarzinho com o relento
De coisas disfarçadas.

Dá um aperto no coração
E eu sei que morreu outra parte de mim
Que outra vai nascer
E que me vai tirar, aquele algo que não deveria ser assim.
Mas que me vai deixar á toa, sem um sim.

E com franqueza digo hoje
Não existe outra forma de acreditar
Não há meio acreditar
Pois a esperança cresce e preenche
Não pergunta e nem pára para pensar.

Roça depois contra a parede da certeza
Questionando-a sobre a sua realidade
Se me vais novamente encher de pureza
Ou esquecer toda essa saudade...
Pois não mais a vais matar.
Isto se ela não te matar a ti...

Então desta vez eu quero apenas dormir
Sobre tantos assuntos que não hão de vir
Sobre tantas pedras que me vão ferir
E essas, que eu não posso impedir.

** Sinto as pernas tremerem e o coração sufocar, é medo, é angústia e eu devia parar.
Mas parar torna-se tão difícil como avançar, e isto já nem dá para acreditar. Deambulo então, deixo acontecer, e acredito em ti como se não existisse mais nada para querer.

='/

terça-feira, 28 de abril de 2009

Faltam-me...


Faltam-me as palavras.
Em cada som, só abro a boca
e deixo-a aberta.
Parasse algo em mim
E toda esta certeza, passa a incerta.


Fiz uma certa confusão
Em consolar ou calar
O coração.
Mas se a brisa por mim falar,
Ela poderá dizer que não passou de invenção.


O sol não nasceu, neste dia.
Ele não subiu, e a flor se deteu na via (de florescer)
E a cada segundo que passa
Podemos empobrecer ou enriquecer.


Nada disto faz sentido
Não seria meu se o fizesse.
Pois cada argumento meu fica interdito
E jamais alguém o esclarece.


São quadras...Quadras soltas em filas de felicidade.
Não quero eu que elas sucubam na saudade.
Mas se em cada momento pensamos na infelicidade
Como um medo
Uma morte ainda antes de morrer...
É um dom a cabeça erguer,
Depois de escorregar.


São escadas
Subimo-las e o esforço deixa-nos suadas.
Sem querer, lá caímos noavmente
E o "desistir" ataca-nos de forma veemente.
Uma loucura nem demente
Sai do suspiro sufocado de cansaço
E eu ignoro tudo aquilo que faço.


Faltam-me as palavras
Mas eu até sei que são essas palavras que já tenho.
Se fossem riscos, saberia como fazer o desenho
De forma que tudo ficasse direito...
Mas como são palavras
Meio verdadeiras, meio traidoras
Meio puras, meio ruins,
Não lhes encontro o jeito,
E ofereço-lhes uns quantos fins.


Faltam-me as palavras, e os "em mims".

sábado, 25 de abril de 2009

Garotinho, meu Garotinho.


Garotinho, você está aí,

Te vejo cruzar meu caminho,

Mas não te posso alcançar...

Garotinho, mas você não está sozinho...

E eu não quero nem pensar.


Você se embala

Desse jeito me abala

Não poder ver seus olhos em frente dos meus

Me cala

Sua voz que acalma os céus...


Então deixe sua ficar na minha mão,

E mesmo as ondas se vingando de nós

Senta no meu coração.

Me deixa olhar o horizonte

Pois eu sei que te vou encontrar

Para lá desse oceano, desse mar...


Você fala de encanto

E eu me deixo perder.

Você sorri por espanto

e eu me vejo morrer...

Garotinho, você é demasiado bom para mim

Então me deixe aqui.


Te vejo em coisas pequenas

Nas coisas grandes de significado

e lembro sempre suas palavras

De garoto ajuizado.


Então ponha sua lembrança na minha

Você vai ter sempre um anjo te guardando.

Me deixa sozinha,

Mas eu continuarei por si olhando.

Me deixa olhar esse horizonte

Pois eu sei que te vou encontrar

Para lá desse oceano, desse mar...


Garotinho, é fácil de entender

Você me cativou

Entrou em mim...

...E agora eu não quero mais esquecer de si.




sexta-feira, 24 de abril de 2009

É de todas essas formas que me perco em ti...

Fechei-a na caixa com medo de a perder.
Uma caixa perfeita, uma simetria total...quatro pequenas paredes de veludo rosa claro, como um final de tarde pelo filtro de uma máquina fotográfica de um tempo antigo. Do lado direito, um coração forjado a ferro, mas um ferro delicado, brilhante, acetinado...E eu rodeio sem parar...durante toda a história eu rodei-o e rodei-o, não me fartei de a ouvir tocar.
Via-a ali. Pequena, minúscula, traços mágicos, saídos de um sonho. Tule cor-de-rosa em volta da cintura, seda preta a correr-lhe tracejada pelas pernas...
Ficava tempo e tempo, olhando-a e pensando como era perfeita...como não havia outra igual.
Em silêncios eu falava com ela, e eu sabia que ela me ouvia...
Mas eu sempre a fechei naquela caixa, naquela caixa que eu achava perfeita.
Era uma mente fechada, e aos poucos fui perdendo.
Entre mesas de discórdias, e gritos ensurdecedores dentro da minha cabeça. Afinal de contas, dessa forma, a musica que da caixa jorrava não passava de uma cantiga de rua. Dessa forma nada tinha o encanto de antes. E a caixa abriu-se. Num estrondo atirei-a ao chão, o tule caiu, as fitas de seda partiram-se com as pernas de porcelana.
Foi aí que percebi que somos nós que damos encanto ás coisas, que as tornamos especiais. No entanto, quando isso acontece perdemos muito mais do que se fossemos indiferentes a todas as questões que nos rodeiam.
Eu tornei-te especial para mim.
Como a caixa de música, tens um encanto qualquer que me prende. Mas desta vez, eu já sei que um dia me vão chegar gritos ensurdecedores. Isso no dia em que os sentimentos fugirem de dentro da nossa caixinha e esvoaçarem por aí...chegarem ao mundo das coisas perdidas.
Estarão perdidos.
Depois de olhar bem a caixa revestida a rosa de final de tarde, os gritos acalmaram...a vida parou. Um pânico de mim se apoderou.
Nesse momento apeteceu-me correr até um penhasco e tentar voar...
Hoje, e de cada vez que me lembro de ti, sinto que devo desistir...mas desistir custa muito mais, e as tuas palavras acalmam-me o coração.
És como uma música de embalar, em que cada palavra me acaricia o cabelo ao adormecer e me faz sentir um calorzinho suave e livre.
És como uma caixa de veludo cor de rosa, que me prende, mas não me sufoca, e mesmo sendo imperfeita me faz sentir como se a perfeição existisse.

E foi contigo que aprendi que gostar vai para além de tantos e tantos e tantos factores...
Porque quem gosta, gosta da direita para a esquerda ou da esquerda oara direita, gosta de cima para baixo de baixo para cima, aos quadrados, ás bolas, ás riscas...Gosta com o coração com o espírito e com a alma. Gosta porque gosta e porque quer gostar. Gosta sem saber ou sabendo tudo. Gosta aqui, ali e acolá. Gosta quer esteja ou não lá. Gosta pintado, sujo, ou farto. Gosta leve, suave, ou brilhante.Gosta quer por fora, quer por dentro. Gosta com nuvens, nevoeiro, faça sol, esteja a chover. Gosta quando é quente, gosta quando é frio. Gosta por cima e por baixo. Gosta de todas estas formas e muitas mais...E eu acho que gosto mesmo de ti.
E cada vez que me tento afastar, apreces-me sem eu saber de onde...cada vez que me tento esquecer, nem tenho consciência que me lembro mais e mais.
É certo que tudo é uma ilusão cruel, um sonho infiel...

Mas se acabar em baixo novamente eu vou ficar feliz...Porque será sempre uma memória das melhores.

Então, eu vou deixar a nossa caixa aberta, a musica tocando, espalhando-se pelo ar...e a vida seguir, ansiando, como tu dizes, o momento que o destino nos reservou.


Tudo isto para dizer apenas uma coisa...A felicidade pode estar mesmo á nossa frente, ou mesmo ao nosso lado, mas se os olhos estiverem toldados de lágrimas, será dificil vê-la.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

MoralCor.


" O amor não faz sofrer, é benigno.

O amor não é invejoso. Não se vangloria.

O amor não é rude, nem se irrita. Não guarda rancor.

O amor não se enaltece com a injustiça, mas rejubila com a justiça.

O amor, tudo crê, tudo espera e tudo suporta. "


MoralCor, Encontro de moral de 2009 em Coruche.



** O amor é algo de que muitos não conseguimos falar. É um mistério, uma coisa complicada, muitas palavras que dizemos e actos que realizamos. Nem sequer os notamos.

O certo, é que o amor, é o sentimento mais perfeito, a obra mais completa, o segredo mais bem escondido, mas melhor revelado. Ele ergue-se diante de nós todos os dias e nós nem o vemos.

O amor, é amor, esteja eu aqui, ou em qualuqer outra parte, pois quem leva no coração, bem juntinho a si, nunca perde, por mais passos que der, por mais lugares que visitar, por mais coisas que disser, por mais lágrimas que chorar...




* Saudade meu bem.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Casas, horizontes e nós.

A vida torna-nos casas vazias.
Torna-nos soalheiras árvores num jardim abandonado, velhas e de casca castanha que ouviram tantas coisas, que ainda as transpiram e as pensam, sem nunca chegarem a uma conclusão, que um dia elas mesmas se esquecem de concluir.
Torna-nos janelas de vidros partidos de tantas pedras que lhe lançaram, impregnadas de injúrias e juras que lhe destroem qualquer coisa preciosa. Assim, deixa de se puder olhar por aquela janela, pois por trás dela já não há aquela imagem, apenas imagem, brilhante, do sol a bater no jardim, cheio de rosas e crisântemos, dessa limpidez que o vidraçal azulinho lhe oferecia...Agora ficou apenas uma janela de vidro baço, sujo pelas poeiras de tantos séculos de exactidão...
Por vezes somos casas vazias. Casas em que a tinta da parede cai em pedaços e suja o chão, meio tapado de terra vinda de fora...por pés que nunca chegaram a entrar ali. Por coisas imaginárias que se moveram lá dentro.
Casas. Casas em que o espírito se apagou e ficaram troços desabitados e esquecidos.
ás vezes não passamos de paredes onde enclausuramos um nada. Estamos vazios.

Isso acontece quando olhamos o horizonte e ansiamos o que nele se esconde, mas esquecemo-nos que do nosso lado também existem coisas imprescindiveis.

Cansei-de de olhar o horizonte, agora só o olho para me lembrar do que já tenho, e sei que o que tenho do meu lado, é o melhor que a vida me poderia dar.
Olho horizonte onde estás, prince, olho porque sei que estás lá.
Olho o horizonte porque me lembra que sou forte e consigo seguir, olho-o porque ele me dá força...
Olho-o como uma ajuda, não como ambição.

sábado, 18 de abril de 2009

Destino*


Acho que hoje as palavras voaram da minha boca. Não saem do meu coração.

Rezo apenas para que neste momento, onde quer que estejas, olhes o mesmo céu que eu, e te lembres que estarei sempre por perto...por aí algures.



**Na verdade hoje o dia fez-me perceber muita coisa, mas eu ainda não a consigo explicar.



"Fácil é ocupar um lugar na agenda telefónica

.Difícil é ocupar o coração de alguém, saber que somos amados.

Fácil é sonhar todas as noites.

Difícil é lutar por um sonho.´


Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata."

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Quem de nós dois- Ana carolina

" Eu e você
Não é assim tão complicado
Não é difícil perceber
Quem de nós dois
Vai dizer que é impossível
O amor acontecer
Se eu disser que já nem sinto nada
Que a estrada sem você é mais segura
Eu sei você vai rir da minha cara
Eu já conheço o teu sorriso, leio teu olhar
Teu sorriso é só disfarce
E eu já nem preciso
Sinto dizer
Que amo mesmo, tá ruim pra disfarçar
Entre nós dois
Não cabe mais nenhum segredo
Além do que já combinamos
No vão das coisas que a gente disse
Não cabe mais sermos somente amigos
E quando eu falo que eu já nem quero
A frase fica pelo avesso
Meio na contra-mão
E quando finjo que esqueço
Eu não esqueci nada
E cada vez que eu fujo, eu me aproximo mais
E te perder de vista assim é ruim demais
E é por isso que atravesso o teu futuro
E faço das lembranças um lugar seguro
Não é que eu queira reviver nenhum passado
Nem revirar um sentimento revirado
Mas toda vez que eu procuro uma saída
Acabo entrando sem querer na tua vida
Eu procurei qualquer desculpa pra não te encarar
Pra não dizer de novo e sempre a mesma coisa
Falar só por falar
Que eu já não tô nem aí pra essa conversa
Que a história de nós dois não me interessa
Se eu tento esconder meias verdades
Você conhece o meu sorriso
Lê o meu olhar
Meu sorriso é só disfarce
Por que eu já nem preciso
E cada vez que eu fujo, eu me aproximo mais
E te perder de vista assim é ruim demais
E é por isso que atravesso o teu futuro
E faço das lembranças um lugar seguro
Não é que eu queira reviver nenhum passado
Nem revirar um sentimento revirado
Mas toda vez que eu procuro uma saída
Acabo entrando sem querer na tua vida... "

*Quem de nós dois vai dizer que é impossível o amor acontecer...que não há forma de o aumentar, de o sustentar de o manter do nosso lado como algo que não fuja, que fique o tempo necessário.
Confio-me na tua calma, na tua certeza...Mas decerto que não consigo decidir-me se quero ficar e continuar nesta felicidade, ou sair e sofrer para não desconcertar a tua vida.
E eu só queria estar cinco segundos perto de ti, para saber aquilo que acho já saber...Mas será que tu sabes?...

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Nada é tão interessante como uma ligação inexplicável. Talvez nos tejamos a enganar a nós próprios, mas não é bom viver neste engano? É tão doce a sensação.
Aquece tanto o coração.
E eu nunca achei o atlântico assim tão grande, mas agora parece do tamanho do mundo.
Não temos certezas, mas talvez nem precisemos delas...
"Deixa o tempo correr...Deixa acontecer..."

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Juras e Promessas...

As mãos começam a enrugar. Descançam sobre o colo, enquanto o quente as ilumina.
Ao olhar as chamas condenso em mim a calma invernal, mas existe sempre uma ou outra memória que falha...que se escapa...
Eu disse que as promessas se quebravam e os juramentos se rompiam.
Não quero saber.
Embalo-me no som da caixa de música, e a verdade surge diante de mim como de todos os outros momentos em que eu a procurei. Elas ficam ali sempre. Não há como, nem se diz porquê. Ficam e pronto, nem vale a pena questionar.
Silêncios estes me rejuvenescem...silêncios estes me dão a mão, me levam a algum lugar onde estive antes.
Não me lembro bem, só já tenho a sensação de 'dejá vu', só já sinto que algo no ar fez parte da minha vida.
Agora olho tantas metamorfoses no meu caminho, que me canso de as contar, tantos lugares que foram criados, e recriados por deles me fartar.
Só os amores não os perdi. Continuam frescos na minha lembrança como de quando os vivi.
Lembro ainda cada sorriso, cada olhar. Lembro ainda os cheiros, uns quentes, outros mais suaves...e até aqueles que nunca senti.
As chamas crescem devagarinho...como línguas de fogo falando mansamente de assuntos quaisqueres. Também eu falei de muitos assuntos, de mais de um milhão deles nesta vida.
Utilizei palavras fortes, tantas vezes antes do tempo, não as deixei amadurecer, e no final perdias da minha boca, como um dente que cai. O pior foi perdê-las do coração e não as querer apanhar de novo...Deixá-las ir pelo medo de as perder novamente.
A cadeira chia nesta idade. Quando era nova, brilhava ao sol no alpendre, em finais de Julhos principios de Agosto, quando o ar era quente e só corria brisa nos finais de tarde, altura em que ela me acompanhava entre os meus sonhos e pensamentos.
Mas juras e promessas....Juras e promessas eu esqueci-as completamente. Esqueci-as porque as quis esquecer. Esqueci-as porque me as esqueceram.
Juras e promessas, acreditei só uma vez nessas...as outras levei-as na desportiva, como que semi-acreditando e deixando ao critério dos outros.
Sim agora eu sei que foi um acto de cobardia, de que me arrependerei um dia...
Sim, agora eu sei que também as farei um dia...
O lume começa a amainar...começa a ficar pequeno, já não brilha tanto.
Sinto-me a não brilhar.
Sinto-me baça como a face côncava de uma colher usada, sinto-me pesada como um móvel de sala...Sinto-me cheia. Cheia de tudo e cheia de nada. Cheia de coisa nenhuma.
Adormaço então, entre sonhos e pensamentos, na mesma cadeira do alpendre, enquanto o fogo se dissipa, o calor se torna frio, e as minhas mãos fecham a caixa de música, calando assim todas as promessas e juras de que um dia eu me lembrei...

Seguir um sonho, ou uma futura verdade?


" O medo do sofrimento pára-nos a meio do caminho, quase nos proíbe de ir em frente. Faz-nos pesar a verdade e a ilusão mais de mil e uma vezes. Talvez nos decidamos pelo caminho melhor, arriscando, mas devemos lembrar-nos de algo: Se nunca formos para a frente, um dia mais tarde, não poderemos falar do caminho, e do que lá se encontrava. Se fores, e caires, mais tarde te levantarás, pois quem é forte sempre vence, e quem é verdadeiro sempre alcança. "

sábado, 11 de abril de 2009

11/04/009


Encontrei-me com Deus hoje.

Senti-o em mim, senti-o tomar-me. Pouco fui capaz de dizer. Pouco fui capaz de descrever.

Não tem descrição.

Não só o lugar, mas o espiríto daqueles que se encontravam presentes me fez sentir segura...em paz.

Uma paz que nunca havia sentido. Uma esperança, sentir algo novo MESMO a começar.

Talvez seja eu esse algo novo.

Sei que não consegui aguentar a emoção, deixei escapar algumas lágrimas, e enquanto respondia 'Obrigados' e 'Iguaismentes', eu pensava noutra coisa, estava noutro local.

Senti-me cheia de uma luz dourada, quente, como a do sol quando levemente nos beija a pele, preenchida por todas as verdades, aquelas que nos aconselham, segura pela mão de Deus, que nunca nos deixa sós, a viver numa nova vida, deixando para trás as mágoas e ódios e trazendo apenas os sentimentos bons e o perdão.

Sou nova. Tenho um novo coração, um coração com mais caridade. Tenho uma nova alma, uma alma mais ponderante. Tenho um novo espírito, um espírito mais feliz e leve.

Estou completamente feliz.

Tenho a agradecer ao grupo de acólitos da paróquia de Reguengos de Monsaraz, por me terem aceitado tão bem, por serem fantásticos, e conseguirem fazer-me sentir parte de toda a felicidade que se faz sentir quando estamos juntos.

Um obrigado gigante ao meu grupo de catequese, esse que me fez crescer, expressar-me, acreditar, e muitas vezes ter força para ser mais, para mim e para os outros.

Diogo, João,Patrícia, Alex, Pedro,Rosália e David, o que fizeram por mim é algo que não se esquece, é algo que se guarda e nos faz querer sempre ser melhores. Acreditem que são especiais, e parte importante do meu coração reside em vós.

Primo Bruno, aquele que me puxou, que me fez ver as coisas certas, o caminho que deveria seguir, tenho orgulho em ser tua prima e em poder ouvir os teus conselhos. Representas muito.

Minha querida Beatriz, que me levaste para os acólitos, que me chamas-te á atenção e chamas cada vez que o pecado me tenta, eu adoro-te, és a melhor amiga, e estarei ao teu lado!
Por final, obrigado ao padrinho e madrinha que em acompanharam e me mostraram o que é o carinho.
A todo aqueles que me falam de coragem e amor, obrigado.
Hoje, estou baptizada, estou pura e feliz.
Sinto-me pronta, como se acabasse de renascer, levando comigo todas as lições de uma vida passada.

11 de Abril de 2009, O dia do meu renascimento, o dia do encontro com a felicidade.

Agora sou mais corajosa, mais forte e crescida! =D


Nunca esquecerei tudo isto, todo este mundo!

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Baptismo

Não sei o que dizer.
Estou clara, por dentro.
Amanhã estarei pura.
Sinto muita coisa, sinto nada, sinto razoalvemente um turbilhão.
Nas mãos, tenho o coração.
Nos olhos um brilho indecifrável, nem eu sei o que é!
Nos pés uma vontade de caminhar pé ante pé.

O caminho faz-se devagar,
Sem pressas para não tropeçar...
No peito uma ansiedade
Feita da ânsia de caridade.

Só quero que me digas Senhor
Se estou no caminho correcto...
Se me deixas dar-te a mão
e ter-te sempre por perto....



11 de Abril de 2009, amanhã, serei baptizada.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Maneira de ver...

Entrasse tão depressa
Saisse com apenas um soprar
Algo que nos leva
Um ultimo momento em que tudo acabamos por recordar.
Há quem diga que é o início
Outros repetem que se avizinha o final
Mas quem poderá compreender
O que é morrer
Sendo mortal?
Uns fogem apavorados
Outros esperam desapacientados.
Há ainda os que não sabem esperar
E deliberadamente, se entregam
Pensando que acabam por ser perdoados.
Se fosse o final,
Será que ia ser mais simples?
Mas e se for o início de algo
que não tomamos por banal?
E se não for nada disso
Mas apenas mais um pesado compromisso?
Há quem fale que viu
E tão bem lhe serviu...
Mas que poderá ter visto,
sabendo que era a morte,
Quem nunca esteve morto?
Dizem que foi sorte.
Não tenho medo desse momento.
Desse apagar, talvez desse desligar.
Oh mas que estou eu a dizer
Nem sei do que estou a falar.
Então deixa-as arder
todas as fotografias
em que um dia ao me ver
te possam fazer chorar.
E esquece quando me pegaste na mão
e viste os meus olhos fechar
Quando encostaste a cabeça ao meu peito
E sentiste o mundo desabar.
Lembra cada sorriso que te dei,
Cada lágrima de felicidade
Acredita que onde estiver
Tu serás sempre a minha verdade...
E não era muito melhor,
se vissemos a morte asim?
Não como um final,
Mas como o início
de um renovado sim.

terça-feira, 7 de abril de 2009

E se...??


Não sei muito bem o que dizer hoje. Tenho muitas coisas para explicar, grandiosas coisas por explicar, mas as palavras não saem. Ficam presas no coração ainda, quer dizer que não estão suficientes maturas ou então não têm grande certeza do que vão realizar.

Prefiro deixá-las ainda guardadas para que possam ter a certeza que não vão magoar ninguém.


Talvez assim...


' Não tenho certezas de nada, mas de nada quero ter certezas. Agora vou tentar apenas caminhar, pois se correr depressa, apanhando tudo de uma só vez eu vou acabar por tropeçar...novamente. Nada te vou perguntar, impor, ou obrigar. Dentro de mim as coisas andam complicadas, sinto-me bem perto de ti, mas estou longe. Bebo cada palavra tua, e dou-lhe mais valor com que talvez devesse dar, mas há algo entre nós. Existe uma ligação estranha, é como se te tivesse esperado ou conhecido de há já muito tempo. Não me perguntes se numa outra vida estive perto de ti, se fomos reis ou rainhas, gatos ou andorinhas, se dançamos ou andamos perdidos por aí. A nada disso te posso responder. Mas se eu sentir essa aproximação morrer, aí posso dizer-te que não saberei que fazer. Então, se quiseres deixá-la morrer, mata-a de uma vez, e não faças com que ela sofra, pois isso faz doer. É como te digo, eu nada mais te sei dizer. Mas existem coisas demais para entorpecer, para a enfraquecer. E eu até te podia jurar tudo, mas tenho medo que rompamos tais juras e promessas.'


Não sei, não sei, não sei. Indiferença tua? Talvez vá sofrer. Aff...Deixemos o tempo avançar, mas espero que tenhas noção que és importante

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Palavras no mundo (continuação)

(...) Perdem-se, nem chegam ao coração.
Ficam no meio, dissolvem-se. Não se sentem. São como papéis atirados á rua, como folhas levadas pelo vento no mais outonal dia de Outono.
Consequentemente os sentimentos deixam de ter segurança...Nem estão montados e já caem. Nem estão completamente constuídos e auto-destroem-se.
Tudo isso será pelo medo de sofrer?
Sim, porque quando criamos laços com alguém, quando construímos um mundo com uam só pessoa, esse mundo pertence-nos, esse mundo é só nosso e não existe mais nada fora ou dentro dele.
Não o queremos dar a mais ninguém, não queremos que mais ninguém nos dê outro.
Quando nos roubam parte do mundo, quando essa parte vai embora, então não o suportamos e ele desfalece sobre o nada de ilusões que criámos.
Como dizem, construimos sonhos em cima de grandes pessoa, e com o tempo percebemos que apenas construimos grandes sonhos e as pessoas tornam-se ou são fracas demais para os suportar.
Existe tanta coisa á nossa volta...existe tão pouca magia nessas mesmas coisas que para mim quase tudo deixou de ter graça.
Até as palavras.
Até os pequenos actos que formavam uma alegria imensa.
Então para que continuam voces rindo e movendo-se como se o mundo estivesse pintado de cores inimagináveis, e o sol brilhasse com uma intensidade exurbitante a cada gargalhada luminosa?
Fazem-no porque em vocês as palavras já não entram, já não tocam, já não ficam.
E dizemos amo-te quando não amamos apenas gostamos.
E dizemos desculpa, se pisamos alguém.
E dizemos ajuda-me quando realmente não precisamos de ajuda.

Onde estão as palavras verdadeiras??

domingo, 5 de abril de 2009

Palavras no mundo

Fico triste e cabisbaixa a olhar para o mundo.
Tudo parece desabar sobre os nossas cabeças. A festa acabou á muito, e nós continuamos a atirar foguetes. Esses foguetes caem, ainda acesos, e o fogo alastra.
O calor faz-nos rir, rir e nem sabemos de quê.
Fazemos de conta que dançamos em volta de uma fogueira, mas que fogueira é essa senão aquilo a que um dia demos valor. Tudo aquilo a que queríamos bem. A que damos valor depois??...
Áquilo que nos rodeia, nos alicia, e nos prende. Áquilo que a felicidade não aumenta.
Não me quero prender a nada disso. Não quero ficar enclausurada num cemitério de verdades, onde as festas não param, onde os segredos não se contam, onde as aparências, não só iludem, como reinam, como são lei.
E olho á volta, mas para os outros parece estar tudo bem. E olho volta e vocês continuam sorrindo, abraçando e dançando. Coisas frenéticas, palavras rudes, que deveriam ser doces e perfeitas, ficam tão sobre-usadas em vocês...
Enquanto todos vós têm os ouvidos para o lado dos cânticos de alegria, eu oiço somente uma melodia suave, fina, um piano triste e envelhecido. Fraco, faz-me pensar nas palavras. Faz-me pesa-las e elas pensam como chumbo agora.
Lembro-me de quando eram leves e entravam no ouvido como o som da água de um rio a correr...Lembro-me de quando elas entravam no coração e ficavam tempo e tempo, guardadas, sem ninguém mais as escutar, como algo que não se dizia dizer. Uma ou outra vez lá escapava ela, e a face ruborizava.
Agora, elas pesam, elas pesam mais que o mundo e dizem-se mais que olá e adeus.
Repetem-se...Vêm sujas e fartas e caem no caminho, perdem-se...

(continua)

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Melhores Amigas.

Estávamos as duas sentadas no banco do jardim.
A relva molhada fazia cócegas nos nossos pés, e nós sentiamos a brisa leve do final de tarde levar-nos os cabelos debaixo daquela grande árvore que guardara cada minuto do que haviamos sido.
Estavamos só as duas, o ar robusto e as memórias de dias passados.
As gargalhadas rimbombavam nos nossos ouvidos, agora violentas e ameaçadoras, as imagens passavam, e uma a uma, eu vi cair as lágrimas do teu rosto, talvez como tu viste as minhas deslizarem no meu.
Era um lugar cheio, donde não saíamos pelo medo de o deixarmos vazio!
Pegavas-me na mão e as lembranças caiam-nos emcima como relâmpagos perdidos numa tempestade...ficavamos desnorteadas e caiamos uma na outra como as sementes caem das flores num dia ventoso.
E choravamos, choravamos...
Choravamos de felicidade e de saudade antecipada.
Uma saudade que ficaria para o resto das nossas vidas escondida no substracto que guardamos da nossa infância e juventude.
Nesse dia, nesse dia de Verão em que nos lembrámos de tudo, como se mergulhássemos dentro de um albúm de fotografias eu senti que estavas ali, que irias ficar ali para sempre.
- Achas que nunca mais nos vamos ver?
- Quem?
- Nós todas...
- Claro que vamos, meu amor, achas que uma grande amizade acaba assim?
- Eu tenho medo...
- Todas temos...Mas sabes que nós temos sempre uma forma de estarmos presentes...
Ela pôs a mão sobre o coração, eu sorri e acenei que sim. Ela sorriu engelhadamente, como quem força a alegria, e mais uma lágrima a acariciou.
Lembrei-me...Lembrei-me então das nossas manhãs, caindo de sono, com risadas e queixumes.
Vieram ao coração todas as desilusões, todos os medos, todas os grandes obstáculos que juntas derrubamos...vieram á cabeça todos os momentos de loucura, de paz, de felicidade, de apoio, de carinho.
E chegou cada sorriso, cada vitória, cada mão dada, cada abraço apertado no quente da nossa união..chegou tudo o que nós saberiamos que tinhamos sido e que seríamos.
De repente chegou, trazida por o rol de ausências que no futuro iríamos sentir.
A vida poderia seguir o seu rumo, mas ali, naquele banco, naquele jardim, naquele santuário da nossa vida, naquele ponto de encontro de sempre, o tempo parava, ou avança devagrainho, como melodia de embalo, como música para adormecer, que contrariamente nos fazia ficar mais acordadas.
Uma a uma elas foram chegando.
- Boa tarde...
Umas riam sem grande vontade, outras cerravam a boca e olhavam o chão...
Na verdade, não tería de ser triste, não teria de ser o final...Na verdade seria um início e deveríamos estar felizes, aos abraços e conversas tontas como todos os dias...Mas por qualquer razão Deus fez o homem assim, fê-lo pensar sempre demasiado, fê-lo querer agendar tudo de modo a tornar as coisas perfeitas, mas também por qualquer acaso aqueles actos que pensamos e pensamos e voltamos a pensar nunca saem do modo que nós os imaginamos, então pergunto eu, não teria sido melhor se não tivessemos programado cada acto??
Então, naquele dia, talvez tenhamos decidido no silêncio de nós próprias que teríamos de pesar tudo o que tinhamos sido, tudo o que tinhamos construído, e arranjar solução para algo que nem nós próprias sabiamos muito bem o que era.
E eu tenho a certeza que dentro delas, saltava como uma pulguinha inquieta a mesma pergunta que em mim: Como será dizer adeus, quando temos a certeza que não o será eternamente, mas quando também não teremos a pessoa a quem dizemos adeus presente todos os dias??
Acho que as questões nos atacava mais que o próprio medo.
Mas depois, sentamo-nos todas, olhamos umas para as outras, e rimos, rimos e voltamos a rir...Rimos por tudo o que tinhamos chorado, rimos por tudo o que tinhamos sofrido, rimos por todos os momentos que achamos que não eramos amigas, rimos por todos os momentos que nos magoamos umas ás outras.
Ouviram-se pedidos de desculpa, ouviram-se planos para o futuro...
E houve silêncio. Silêncio, aquele silêncio bom em que se reunem as amigas de sempre, os sentimentos conhecidos que pensavamos perdidos.
Foi aí que eu percebi, que já nada estava programado em nós, mas que estavamos a ser aquilo que sempre tinhamos sido: nós. Nós acima de qualquer comentário.
Então, neste momento, em que me encontro a escrever isto, eu posso estar a programar esse mesmo dia, mas eu sei que vou apagar estas palavras de mim, e vou levar-me vazia, para que de novo, aquelas que amo me possam preencher.
Sim, amo, porque o amor na amizade é ainda mais perfeito que o amor entre um casal.
E meus amores, não temos nada que temer pois longe ou perto, sei que todos os dias ao acordar nos lembraremos umas das outras, a cada gesto, a cada palavra, e se a saudade apertar, é sinal que não nos esquecemos do amor que sentimos umas pelas outras.
Quando um dia nos voltarmos a reunir, viremos carregadas de novos sonhos, e será um novo começo, como em pequenas gradualmente nos conhecemos e nos demos bem.
Vocês serão sempre as minhas pequenas, e jamais vos poderei esquecer.
Ajudaram-me, salvaram-me, guiaram-me. Devo-vos muito mais que um simples texto, ou um pedido de desculpas pelos momentos em que vos ignorei por lapso.

Agora eu sei, eu sei que por onde quer que a vida nos leve, no que quer que ela nos transforme, dentro de nós iremos ser sempre o modelo daquilo que fomos com as nossas melhores amigas no momento da construção.


Choraremos e riremos, mas o importante é que nunca nos esqueceremos. ^^

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Fresno- Duas lágrimas (Quasee, Quasee a anos ='( )

Fresno - Duas Lágrimas

Uma lágrima rolou do meu olho ao perceber
Que era a última vez em que eu ia ver você
Outra lágrima rolou dentro do meu coração
Ao ver a velocidade com que as vidas vão em vão
Quando eu menos esperei, nada mais eu encontrei
Havia desaparecido a lágrima que eu chorei
Mas aquela que escorreu, no meu peito lá ficou
A gota de gosto amargo, com o frio cristalizou
E eu quero saber como proceder
Pra esquecer da tua voz, do teu viver
Porque eu apenas quero caminhar
Sem ter que olhar pra trás
E ver você vivendo em paz
E você sabe que eu já sofri demais aqui
E não vejo a hora de poder ficar junto de ti
E onde você estiver, estarei em coração
Em alma e espírito, através dessa canção
Enquanto a sua ida puder fazer alguém chorar
É sinal que a sua vida ainda não deve acabar
Já que não há saída, eu posso apenas imaginar
Como seria a minha vida sem a sua pra me alegrar
* Cada vez mais perto
E eu não quero recordar
Aquele dia, aquela hora
Em que me permiti te amar...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Uma falta...



Talvez por as palavras se evaporarem, eu saiba que quando te toco nada posso dizer.
Quando me tocas nada pode acontecer.
Talvez eu tenha a certeza de que nada quero de ti, mas talvez minta a mim própria.
É a incostância do tempo.
É a máscara da saudade.

Então esconde-te detrás da futilidade que tu finges que te atinge, e vive a tua vida como quem finge.
Talvez seja eu a dramatizar, a querer ser melhor, a tentar perceber, a escorrer em suor de tanto tremer.

Talvez seja uma certeza de incertezas, uma vida e um não viver, um sol cheio de chuva, um branco impregnado de preto. E ainda pode ser um amor alimentado de ódio, um sabor amargo de doce, uma decisão que se não decide.

E sabes tu porquê?

Porque hoje a saudade atingiu-me, entrou no fundo e instalou-se. Não paga renda, mas não a posso expulsar.
E sabes tu porquê...
Porque hoje acordei com vontade de me deitar
.

*

Eu tentei avisar-te. Eu gritei-te com a pupila dos meus olhos, eu chorei-te com o meu silêncio...Mas tu nunca ouvis-te, tu nunca viste.
E quem era eu para te dizer que deverias estar quieta?
Se tu soubesses as noites em que ao adormecer fiquei a olhar as estrelas, desfocadas, por baixo de uma chuva saliente no meu olhar, sob o frio da rua que no Verão se fazia sentir. E era Verão, mas estava frio.
E as gargalhadas pareciam-me apenas uivos distorcidos no meio de um terramoto.
Tu caiste, eu levantei-te. Tu deixaste-te ir, eu puxei-te. Tu quiseste fugir, e eu prendite. Tu choraste, e eu limpei-te as lágrimas.
E agora, depois de tudo, depois de tempos e tempos de solidão e uma perícia extrema de sobrevivência, tu dizes-me que eu estou "Fria"...
Frio é o vento da madrugada, frio é um gelado na tórrida tarde de verão, fria é a água do mar no pingo do Inverno, fria é a certeza que a verdade é verdade quando queres que ela seja mentira...Eu não sou fria.
Eu estou magoada, estou ferida, estou entalada. Estou perdida no medo de cair novamente, quando penso já estar em cima.
As minhas palavras de carinho, as minhas tentativas de te levantar quando insistias em ir para baixo, tudo aquilo que eu esperava que tu fosses para mim em troca.

Agora eu percebi que não quero tentar oferecer a Primavera a mais ninguém, a não ser áquele que me a ofereça Primeiro, e nunca deixe as flores murcharem. Áqueles, áquelas que eu sei que nunca me vão oferecer um Inverno como o que já tive, um Inverno de dois anos...