domingo, 5 de abril de 2009

Palavras no mundo

Fico triste e cabisbaixa a olhar para o mundo.
Tudo parece desabar sobre os nossas cabeças. A festa acabou á muito, e nós continuamos a atirar foguetes. Esses foguetes caem, ainda acesos, e o fogo alastra.
O calor faz-nos rir, rir e nem sabemos de quê.
Fazemos de conta que dançamos em volta de uma fogueira, mas que fogueira é essa senão aquilo a que um dia demos valor. Tudo aquilo a que queríamos bem. A que damos valor depois??...
Áquilo que nos rodeia, nos alicia, e nos prende. Áquilo que a felicidade não aumenta.
Não me quero prender a nada disso. Não quero ficar enclausurada num cemitério de verdades, onde as festas não param, onde os segredos não se contam, onde as aparências, não só iludem, como reinam, como são lei.
E olho á volta, mas para os outros parece estar tudo bem. E olho volta e vocês continuam sorrindo, abraçando e dançando. Coisas frenéticas, palavras rudes, que deveriam ser doces e perfeitas, ficam tão sobre-usadas em vocês...
Enquanto todos vós têm os ouvidos para o lado dos cânticos de alegria, eu oiço somente uma melodia suave, fina, um piano triste e envelhecido. Fraco, faz-me pensar nas palavras. Faz-me pesa-las e elas pensam como chumbo agora.
Lembro-me de quando eram leves e entravam no ouvido como o som da água de um rio a correr...Lembro-me de quando elas entravam no coração e ficavam tempo e tempo, guardadas, sem ninguém mais as escutar, como algo que não se dizia dizer. Uma ou outra vez lá escapava ela, e a face ruborizava.
Agora, elas pesam, elas pesam mais que o mundo e dizem-se mais que olá e adeus.
Repetem-se...Vêm sujas e fartas e caem no caminho, perdem-se...

(continua)

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