quarta-feira, 22 de abril de 2009

Casas, horizontes e nós.

A vida torna-nos casas vazias.
Torna-nos soalheiras árvores num jardim abandonado, velhas e de casca castanha que ouviram tantas coisas, que ainda as transpiram e as pensam, sem nunca chegarem a uma conclusão, que um dia elas mesmas se esquecem de concluir.
Torna-nos janelas de vidros partidos de tantas pedras que lhe lançaram, impregnadas de injúrias e juras que lhe destroem qualquer coisa preciosa. Assim, deixa de se puder olhar por aquela janela, pois por trás dela já não há aquela imagem, apenas imagem, brilhante, do sol a bater no jardim, cheio de rosas e crisântemos, dessa limpidez que o vidraçal azulinho lhe oferecia...Agora ficou apenas uma janela de vidro baço, sujo pelas poeiras de tantos séculos de exactidão...
Por vezes somos casas vazias. Casas em que a tinta da parede cai em pedaços e suja o chão, meio tapado de terra vinda de fora...por pés que nunca chegaram a entrar ali. Por coisas imaginárias que se moveram lá dentro.
Casas. Casas em que o espírito se apagou e ficaram troços desabitados e esquecidos.
ás vezes não passamos de paredes onde enclausuramos um nada. Estamos vazios.

Isso acontece quando olhamos o horizonte e ansiamos o que nele se esconde, mas esquecemo-nos que do nosso lado também existem coisas imprescindiveis.

Cansei-de de olhar o horizonte, agora só o olho para me lembrar do que já tenho, e sei que o que tenho do meu lado, é o melhor que a vida me poderia dar.
Olho horizonte onde estás, prince, olho porque sei que estás lá.
Olho o horizonte porque me lembra que sou forte e consigo seguir, olho-o porque ele me dá força...
Olho-o como uma ajuda, não como ambição.

Sem comentários:

Enviar um comentário