quarta-feira, 1 de abril de 2009

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Eu tentei avisar-te. Eu gritei-te com a pupila dos meus olhos, eu chorei-te com o meu silêncio...Mas tu nunca ouvis-te, tu nunca viste.
E quem era eu para te dizer que deverias estar quieta?
Se tu soubesses as noites em que ao adormecer fiquei a olhar as estrelas, desfocadas, por baixo de uma chuva saliente no meu olhar, sob o frio da rua que no Verão se fazia sentir. E era Verão, mas estava frio.
E as gargalhadas pareciam-me apenas uivos distorcidos no meio de um terramoto.
Tu caiste, eu levantei-te. Tu deixaste-te ir, eu puxei-te. Tu quiseste fugir, e eu prendite. Tu choraste, e eu limpei-te as lágrimas.
E agora, depois de tudo, depois de tempos e tempos de solidão e uma perícia extrema de sobrevivência, tu dizes-me que eu estou "Fria"...
Frio é o vento da madrugada, frio é um gelado na tórrida tarde de verão, fria é a água do mar no pingo do Inverno, fria é a certeza que a verdade é verdade quando queres que ela seja mentira...Eu não sou fria.
Eu estou magoada, estou ferida, estou entalada. Estou perdida no medo de cair novamente, quando penso já estar em cima.
As minhas palavras de carinho, as minhas tentativas de te levantar quando insistias em ir para baixo, tudo aquilo que eu esperava que tu fosses para mim em troca.

Agora eu percebi que não quero tentar oferecer a Primavera a mais ninguém, a não ser áquele que me a ofereça Primeiro, e nunca deixe as flores murcharem. Áqueles, áquelas que eu sei que nunca me vão oferecer um Inverno como o que já tive, um Inverno de dois anos...

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