domingo, 15 de agosto de 2010



 ' If you're not the one then why does my hand fit yours, this way?'


"Onde é que tu estás?", será mais correcto que perguntar "onde é que nós estamos?"?
Nós não podemos perguntar por um nós. Podemos sim perguntar "Onde estás?", "Onde estou?", porque assim não juntamos a ideia de juntar algo que a natureza quer afastado. Mas não te esqueças, tu não podes ir embora totalmente.
Eu preciso de sentir a tua presença insubstancial quando fraquejar na ideia de te deixar de parte. Posso dizer que aqui não há espaço. Talvez seja uma das desculpas mais credíveis que posso inventar para que não te veja de novo esse sorriso muito mal criado, cheio de imperfeições que ainda demonstram de forma mais clara que dentro de ti, tudo é tempestade. 
Posso dizer que aqui não há espaço, mas ambos sabemos que não é questão de ser verdade, mas a necessidade de que o seja. Aqui não pode haver espaço.
Nós podemos ser heróis um para o outro, nas histórias, nas brincadeiras, mas nunca o seremos nesta realidade onde eu já construí o meu sentido. 
Tenho que deixar que construas o teu. É importante que me certifique que o estás a fazer, e que não saibas que eu o estou a fazer. Tenho de te empurrar aqui para baixo, onde o ar é mais pesado, mas onde podes andar e a queda não parecer tão grande. 
Talvez um dia me agradeças. Talvez um dia eu te possamos agradecer para além desse obrigado que se esvaece a meio ao sair dos nossos lábios. Talvez um dia eu possa ver mesmo a lágrima cair, e não apenas imagina-la quando tu viras as costas e eu sei que choras.
Eu sei que choras. Porque eu também choro. 
O meu choro fica-se num luto de sorriso fechado e olhos pregados em qualquer lado. E então, como se não passasses de memória, mas uma memória muito fresca, e como se jamais te pudesse ver novamente surgir no teu bambolear de menina e no teu sorriso de quase mulher, cheio de brilhos, eu digo-te adeus. 
Sussurro-te um adeus que não podes ouvir. Um adeus que não podes sentir. Um adeus frágil que não se quer adeus, mas que só isso se pode querer.
Convenço-me que fiz o melhor. Convenço-me repetidamente que fiz o melhor. Só uma vez não chega para não sentir falta do calor que aquecia o ar à minha volta quando a tua presença era mais presente. 
Tinha de ser assim, não havia outra forma pois não? 
Tinha de ser assim, e eu tinha de to dizer. Sem palavras, porque as palavras só se podem dizer quando já não dói. 
E porque doía ficámo-nos pelo silêncio cómodo que nos é característico. E tu convenceste-te a mim que te tinhas convencido, para não doer mais.
Eu já estou longe daqui. E tu? "Onde estás?"

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