sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Sistema.


Por vezes dá uma vontade tão grande de esquecer e correr para ti.

Esquecer que na minha segurança, vou estar sempre exposta a um perigo maior por consequêcia.

Mas por vezes dá uma vontade tão grande de deixar os olhos brilhar, e de abrir todas as portas meio-trancadas por uma razão muito pouco certa de estar certa, de não esperar sequer mais um segundo, de fingir que a minha paciência acabou e que só me importa o depois, depois. Dá essa liberdade no coração, que o deixa livre na exaltação, mas o prende na razão e depois é a garganta seca, os olhos a fechar, e um monte de cenas em câmara lenta teimando em passar. Estás tu e eu, e o resto é uma luz fraca. O resto não importa nada, Deixa de importar quando sinto sem sentir, os teus braços desarmados e o teu corpo surpreendido e estático.

Sei que me seguro a esse sentir, sei que o enceno, e o guardo e vou guardando, de modo a que cada palavra instintiva que me saia embargada de sentimentos, venha tingida dessa tua cor...Que eu sei lá qual é! Só sei que a vejo algures na luz fraca, e ela chega para embalar todo esse espaço em que só caibo eu, tu e um sentimento que conhecendo tão bem, penso ter aprendido a desconhecer.

Oh! Se ao menos eu pudesse correr para ti sempre que não consigo aguentar toda aquela emoção demasiado alarmante, quando se torna quase impossível de camuflar, de carregar no silêncio a ânsia de dançar debaixo de chuva num dia de Inverno-Verão.

Se ao menos pudesse embater no teu peito, quente e apaziguador da minha guerra interior, esse abrigo aliciante que me varre quaisquer tipos de medos e dúvidas...

E se ao menos tudo fosse igual ao meu abrigo proibido...Se tudo me conseguisse embebedar de não-questões, não-preocupações, não-corações quase a explodir pela espera aterrorizada da afirmação dos 'diz-que-disse', não-tremeliques insinuados a cada gesto por essa timidez estranha e reveladora, não-coisas complicadas, não-coisas enleadas com demasiadas pontas.

E posso descobrir nas tuas palavras escassas, que tens a noção de que me apetece quebrar todos os monólogos que se repetem dia após dia, e que me entram em ondas de pura boa exaltação (ignoro a percepção de que para mim são 'as melhores', no topo do ranking, porque irremediável e insolentemente eu obrigo-me a obrigar-me a obrigar-te a ficar numa das camadas mais superficiais da minha lista de heróis [sabes, até isso requer uma certa prática...Nestas batalhas travadas comigo mesma em que me não decido entre o mais fácil, o mais certo, o melhor para mim [o que será que é melhor para ti?], coisas essas que esbarram umas com as outras e esoalham-se e misturam-se e PUFF! Que complicação! ]Oh, e que vontade consequente de correr para ti e esquecer...)

Por vezes dá uma vontade tão grande de correr para ti, de embater no teu peito, de esbarrar no teu corpo, de ficar em ti.

De cerrar os punhos, fechar os olhos e sentir-te ali. De agarrar o colarinho do teu casaco e enterrar a cabeça no limite do teu pescoço...na cova do teu ombro, deixando-me afogar na emoção, na pulsação acelerada, nos batimentos cardíacos triplicados, quadriplicados, nas convulsões que se desenrolam entre a minha pele e os meus músculos, por baixo das unhas, na nuca arrepiada, e nas costas tensas que não conseguem inibir perante mim a vontade de sentir algo que as agarre, e as procure, que se segure nelas, enquanto o corpo restante se contorce num deleite desarmado.

Oh! Que perigo que és! Que salvação...

E que vontade, meu Deus, que vontade de to dizer, para que finalmente me vejas correr para ti...para que eu não tenha de me parar lembrando-me que nada é assim tão fácil.

Por vezes dá uma vontade tão grande de correr para ti, de embater em ti, de me misturar contigo...Por vezes dá uma vontade tão grande de adormecer em ti.

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