terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Quanto pensas tu em tudo isto?





Quanto pensas tu, em isto tudo? Quanto pensamos nós, no mundo em que vivemos? Será que quando defendemos, quando gritamos e barafustamos acerca do que está mal estamos a ajudar? Não não estamos. Estamos apenas a querer parecer bem, a querer parecer preocupados.
Ninguém já se preocupa com o que está mal no nosso mundo, e nem vale a pena negar, porque todos nós fazemos actos simples sem pensar que se não os fizessemos podiamos salvar vidas, animais e espaços. Podiamos salvar muito do que pomos em risco, dia após dia. Podiamos salvar o nosso futuro, a garantia de que a geração vindoura vai conseguir ter o necessário para a sua subsistência. Mas não vai.
Nessa altura não vai existir um ar puro onde eles consigam respirar de forma saudável, e não vão existir lagos, e florestas, e parques cheios de árvores, plantas e calma...porque metade de todas as florestas que agora temos vão desaparecer, e vai ficar deserto em seu lugar.
Nessa altura não vão existir animais, nada seguirá o seu curso normal. Já nada segue o seu curso normal.
Somos materialistas e egoístas. Procuramos a facilidade e não nos contentamos com pouco. Destruímos, destruímos e destruímos cada vez mais por caprichos, por meros desejos, porque queremos contruir um hotel aqui, porque um móvel de madeira tropical ia ficar bem na nossa sala, porque o marfim é muito valioso, e vai-me tornar alguém rico, alguém de sucesso.
E agora, eu pergunto...Será assim tanto sucesso, conseguir algo 'roubando', destruindo e enganado? Servindo-se dos mais pequenos, dos mais frágeis? Isso não é sucesso algum.
Há muito que desaprendemos o quão bom é sair com a família, caminhar pelo campo, pescar aqui e ali. As cidades toldam agora a maioria dos nossos lugares de eleição. Máquinas e mais máquinas que poluem o ar, que destroem a camada do ozono que nos protege, que nos fazem mal a nós mesmos. E ainda assim, continuamos a usar, e a abusar.
Tal como diz Charles Maurras, "Não existe uma ideia nascida do espírito humano, que não tenha feito correr sangue sob a terra."
Isto é, os problemas de que nos queixamos, os problemas que nos fazem comichão e nos retiram a paciência, foram e são criados por nós. Pelos nossos actos irresponsáveis.
Quando dizemos que as crianças percebem pouco de tudo isto, estamos muito enganados. Elas percebem com a simplicidade que lhes é característica, com o poder que acham possível, e que seria possível se o poder, o sucesso, o dinheiro e todas essas coisas mesquinhas não se pusessem como entraves. Elas sabem amar, e essa é a diferença. Elas amam o mais simples, e são felizes com o mais simples, e isso chega-lhes.
Por falar em crianças, quantas vezes pensamos nós naquelas que pagam na pele os nossos erros?
Quantas vezes, quando desperdiçamos comida, quando brincamos com água, quando deitamos fora umas calças, que podem nem ter sido usadas mais de uma vez mas que por não gostarmos não vestimos, pensamos nós que nesse precise momento há crianças da mesma idade que a nossa, a morrer á fome, á sede, e que não têm nada para vestir?
A diferença está que nós compramos três, quatro, cinco par de chinelos, cada um da sua cor, cada um de feitio diferente, uns com salto, outros sem, enquanto muitas outras crianças, fazem os seus próprios chinelos usando uma garrafa de água e um cordel. A diferença é que nós nunca sofremos isso na pele. Nunca soubemos o que é ter fome, mas ter uma fome genuína e não uma vontade de comer, e não ter o que pôr na boca para acalmar o estômago. Nós nunca soubemos o que é passar frio e dormir á chuva.
Temos todas essas coisas de sobra, e ainda assim queremos cada vez mais, e no nosso extremo egoísmo não partilhamos.
E vêm os governadores falar de bolsas, de dinheiro, de que é necessário criar um sistema para isto e para aquilo...quando há pessoas, crianças a morrer debaixo do seu nariz e nós, vimo-los parados.
Que interessa para o futuro do nosso mundo se o presidente dos E.U.A tem um porsche? Ou se o presidente de Portugal tem uma casa com fartura de divisões e mais divisões para arrumar todo o seu ouro? Nada. Importa rigorosamente nada.
Onde vai estar esse porsche quando se extinguir o petróleo e logo a gasolina o gasóleo e os seus derivados? De que lhe servirá? E de que servirá uma casa grande, quando õ sol aquecer demasiado o planeta e fizer morrer tudo o pouco que nele resta?
Que importa isso para as crianças que não têm nada? Que importa esse dinheiro todo que eles tanto se importam em guardar quando a cada 1 minuto morrem 3 crianças com fome, em países menos desenvolvidos?
Deveríamos todos pensar nisto. Não só pensar, mas preocupar-nos e fazer mais do que assistir ao ruir do mundo que vai pertencer aos nossos filhos.
Ninguém pode arranjar um solução mirabolante agora, mas também não é necessário piorar a situação. Há que lutar por não piorar o mundo, ainda que ele não possa ser melhorado.
Já não está na moda ser-se egoísta e lutar pelo seu próprio querer. Não está na moda ter tudo, e não dar nada aos outros. É tempo de começar a juntar forças. Tempo de começar a ser solidário, porque o mundo não é só de um, é de todos, e quando ajudamos os outros ajudamo-nos também a nós próprios.
Então, porque não parar de apenas 'dizer' o que é necessário ser feito?
É certo que nós jovens, não podemos decidir o que fazer do mundo, ainda. São vocês, adultos, pais, mães, governantes, presidentes, que o podem fazer. São vocês que "falam, falam, mas não fazem nada".
É certo que se uma pessoa fizer o bem, não vai mudar o mundo, mas pelo menos é menos um idiota a piorar a situação.
Está na hora de lutar por coisas de valor. Valor autêntico.

1 comentário:

  1. Adorei o texto, está simplesmente lindo. :')
    E não poderia estar mais de acordo contigo.

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