terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Realidades.


Não sei que raio me deu hoje, nem de onde me veio este pensamento.
Não consigo encontrar uma fonte edificada e segura em mim que me apague esta melancolia afectada que me nasceu no peito, que desce lentamente pelo “eu” , que começa a comer e gastar as rochas das minhas ilusões e do meu acreditar.
Podia jurar que caiu a noite, ou que o sol se apagou. Não há brilhos, não há magia, nem nenhuma engrenagem bem conseguida que faça com que todas as peças encaixem num baque suave. A um ritmo perfeito. Numa solução mirabolante.
Há só uma dança. Uma dança frenética e psicótica que me transcende e me põe em transe de pavor.
O meu corpo parece estar adormecido, ou nem o tenho já. Sou só esta nuvem transparente cuja matéria se move sem projectar qualquer som…Ou assim parece. Ou assim penso.
Há só uma dança. Uma dança eterna num baile de máscaras veneziano reflectido em mil espelhos côncavos e convexos.
Lá se vê nada. Lá se vê tudo.
Lá se vê a verdade nítida, quanto mais se a tenta esconder.
Dançamos todos, cada um com a sua máscara predilecta.
Mil cores, plumas, longos vestidos, purpurinas.
Máscaras que no final nunca saem. Ninguém se esforça para realmente as tirar. O medo de não encontrar nada para além delas prende-nos a curiosidade e mata-nos os movimentos recorrentes.
E por isso dançamos, continuamos a dançar. Desvairadamente rodamos, num não saber repleto de conhecimento.
Dançamos todos e só há uma dança.
Uma dança eterna num baile de máscaras veneziano reflectido em mil espelhos côncavos e convexos…

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