quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Envelhecimento...



Na valsa estranha deste ponteiro
Eu quero desencantar
Todo esse teu gesto de fogueiro
Que o tempo não consegue espantar.
Sem me darem segundos de avanço.
Elas são tão distraídas
Que não conseguem ver a velocidade estonteante a que me canso.

Vamos fazer de conta, vamos brincar!
Dançando nesta valsa de meninos
Que as versatilidades do tempo parece apagar…
E num segundo saltamos e rimos
Como antes fomos capazes…

A música desenrola-nos do manto de presente
E nós giramos em roda ardente
Brindados com o cheiro dos crisântemos
Ouvindo palmas de toda a gente…

A escadaria está agora a desaparecer
O ar desfragmenta-se e deixa-nos bêbedos de prazer
Enquanto os pés avançam redundantes
Entre os ponteiros, entre os números amantes!

A alegria atinge-nos como sede de viver
Mas no fundo somos nós que não nos estancamos
Deste exagero tanto gostamos
E não nos deixamos vencer…

Bate a meia-noite
Num estrondo de escuridão…
Perco o último sapatinho,
E caímos inertes no chão…

Por o salão cheio de nada
Vagueia a memória do que nos mexeu…
Um sopro de madrugada
E o tempo que nos envelheceu…

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