terça-feira, 5 de maio de 2009

5 de Maio de 009


Hoje acordei com vontade de caminhar lentamente, num passo fechado e sombrio.

De levantar o olhar apenas por algo bizarro e de respirar fundo.

Há dias assim, há dias destes...há dias em que as coisas parecem um dia de Verão abafado, em que nem o sol brilha, nem a chuva cai, mas o barulho vindo dos céus não nos deixa encostar a cabeça e adormecer tranquilos. Em que procuras respirar numa réstia de ar fresco, e só encontras um vapor quente que sufoca e dilacera.

Sentei-me ali, naquele campo imenso, de relva molhada, onde a chuva outro dia teria caído...Deitei-me li, sobre o assunto, sobre o pensamento, sobre tudo o que me constitui o ser.

Nesta sensação de cair, de te tentares agarrar mas quereres adormecer, existe sempre a vontade de simplesmente ir, e desistir por um dia, descansar por umas horas. Ficar ali naquele porto entre a realidade e o sonho que há muito deixei mirrar... Como uma passa, ao sol. No entanto neste, até o açucar se lhe torna amargo.

O nevoeiro encerra-me a vista, e eu fico nesta semi-tentativa. Não me apetece de todo ficar, não me apetece de todo. Este manto de branco nada me faz encontrar senão um reflexo pouco nítido do meu passao, do meu presente...do meu futuro?!

HunHun, palavras nada têm que ver com saber ou não saber, com ser mais inteligente ou menos inteligente. Saber criar frases com sentido é tão simples. Criar frases com sentimento incutido já pode ser mais difícil.

Um ambiente muda-nos. Um sentimento muda-nos. Um olhar, um beijo, um sorriso, um cheiro...muda-nos.

Nós somos assim, fracos de espírito, tão influenciáveis. Como o humano é capaz de se destruir a si mesmo.

Hoje é um daqueles dias...daqueles dias de nevoeiro, e oscilações de clareza e escuridão que me não deixam triste, que me não deixam feliz...mas me deixam-me vazia. Desprovida de qualquer coisa que me possa dizer com certeza "vai por aquele lado".

Por isso, deixo-me ficar aqui, os joelhos enterrados no aconchegante cobertor da terra, manchado de castano num verde agora seco, e olho o céu, como se te esperasse ver sugir.

Contigo, esperava ver surgir ainda tudo aquilo que hoje não encontro. Porque, estupidez seja ela, eu encontro-me em ti.

Neste dia de meios, meios tudos, meios nadas, questiono cada movimento deste mundo...se é que ele se move. Por vezes parece tão parado, tão no mesmo sítio.

E odeio a forma como tu fazes isto...e odeio a forma como dizes aquilo...simplesmente porque é a única coisa que oiço e sinto nestes dias. São as tuas palavras meio fracas na chegada, virem por aí com o vento, deixando em mim a sensação que tudo é possível.

Continuo aqui, quando a noite se deixa acordar sobre o dia que se embala veementemente.

Agora eu deito-me, os braços estendidos ao lado do corpo, a cabeça virada para cima...o cabelo formando remoinhos em volta da minha face...E se eu ainda fosse quem um dia fui, eu estaria a chorar por ele...Eu estaria a chorar a cada dia 25 que se passasse, a cada mês que viesse e abalasse.

Mas não faço mais isso. Já nem sinto remorsos quaisqueres. E acho que desta vez eu estou no sítio correcto....no lugar semi-correcto.

Neste momento eu sei que ainda não quero sair daqui. Que não estou pronta para me levantar. As minhas costas ainda doem, a minha cabeça ainda pesa, e as minhas pernas cedem perante um caminho tão longo. Os meus olhos querem apenas continuar fixos no céu, aquele agora cheio de estrelas...E eu continuo a achar que tdo aquilo que vejo, tu verás noutro lugar qualquer, numa outra hora qualquer.

E eu deixo-me finalmente adormecer, para amanhã acordar como todos os outros dias normais, aqueles em que eu saio da cama com energia. Hoje ela esgotou-se mesmo antes de eu dar por isso.

O mundo está sempre no seu lugar, ele continua aqui, e enquanto ele continuar, eu terei de continuar com ele...

E contigo...


E há dias assim, dias em que uma pessoa nem é sequer pessoa, mas um pedaço do céu, um pedaço da terra, um pedaço do mar.




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