sexta-feira, 8 de maio de 2009

Esperar por nada...(??)


Lembro-me de ter esperado aqui. Entre o mar e a terra. No cais mais desabitado, no horizonte mais escuro.
Eu não me importei de onde esperei...ou de quanto tempo esperei. Acabaram por me levar.
Enquanto os restantes contavam o tempo eu abraçava os joelhos e deitava a cabeça sobre eles...fechava os olhos e não me cansava de sonhar. O relógio parava.Nos meus sonhos via aparecer coisas indistintas, nevoeiros e chuvas de Inverno...folhas de Outono a bailarem na ventania.
Espero no mesmo sítio. Já nada é assim. Eu espero ver chegar nada, coisa alguma que em alguma instância chegará...
Uma imagem distorcida de perfeição, aquele que dá um aperto no coração.
Neste momento a ventania de sabor diferente, faz-me bem. Acaricia-me o pescoço livre dos cabelos com cheiro a camomila, ondula-me a seda da saia preta...faz-me arrepiar. Um arrepio suave, de prazer...Calma. Sinto tanta calma, tanta calma que me puxa as pálpebras para baixo, amolece os meus músculos...me faz querer apoiar a cabeça no teu ombro, a minha mão na tua mão.
Não quero que isto acabe...
Não quero que esta luz que sinto sobre as minhas costas, sobre as minhas pernas se acabe...esta luz que me aquece...Luz dourada...
Não te tinha eu já falado dela? Não tinha eu já dito como ela me embalava neste cais onde o tempo pára e mais ninguém chega? Sim...eu sei que te falei dela.
Mas aqui não terminará...não enquanto eu esperar...e como eu espero nada, então eu esperarei nesse momento a que chamam de "para sempre"...
Chegarás?...Pois...Aqui o tempo não passa.

1 comentário:

  1. sim, chegará.
    não existe Tempo, somnte Espaço.
    viva a pós-modernidade, respire-a fundo.
    bjs,

    Gustavo

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