sexta-feira, 10 de julho de 2009

Let it die.



Não me cabem nas mãos as palavras que tenho a dizer. Não me cabe nas mãos o maior sonho que algum dia consegui ter...Dizemos grande, mas talvez o digamos não por ele ter muito tamanho...Mas por ser grande em impossibilidade.

E enquanto isso vamos afastando a realidade, como quem limpa o pó, uma empregada que a dias fixos levanta o pó dos móveis, e ele por ali paira, para mais tarde cair novamente, e se acomodar. Assim é com o coração. Assim é com a nossa irrealidade. Não damos por ela estar porque sabe bem, porque é doce e faz com que adormeçamos descansados...Mas naqueles momentos em que vimos um raio, um raio que por muito pequeno que seja nos leva a avistar um pouco da realidade, parece que as coisas deixam de fazer sentido.

As palavras saem ocas, os actos parecem poucos...O tempo mostra-se limitado, e parece que nada mais temos para descobrir acerca um do outro. O sol baixa a sua intensidade, e deixamos correr um vento frio entre as nossas peles.

Calamo-nos mais, sufocamos mais dúvidas e acreditamos porque é aparentemente mais fácil.

Porque quando o teu mundo parece ruir, tu abrigas-te no meu, e eu tento constantemente fugir para o teu.

Porque quando não vês brilho em ti, eu consigo fazer-te brilhar.

Mas quando tudo está no seu lugar, tu segues o teu caminho, e eu sigo para qualquer outro lugar.

Nada é assim simples como aparenta. Custa mais do que se vê.

Nós perdemo-nos sozinhos por vezes, e silenciamos os laços entre nós. Laços que perguntam o que somos, o que fomos, o que seremos...E a responda pode até ser um nada triplo...Pode ser uma palavra pequena, mas capaz de levar a morrer tudo...E pode ser uma palavra grande que nos faça bater novamente o coração...

A cada palavra que calamos, pode morrer ou renascer um pedaço de nós. Não sabemos...De nada temos certeza...E eu sinto-me tão bem e tão mal...

Tu fazes-me morrer e viver tão simultaneamente...

Não me cabem no peito as dúvidas...Não me cabe no olhar a tua esperança...

Nesses dias em que cansa, ver-te e não te ver.

Nesses momentos em que sei que te pode ter, que te sabe de cor e que eu não te tenho, que é-me impossível saber-te de cor.

Trazes em ti a minha marca, e eu trago em mim a tua semi-ausência.

Estamos a deixar morrer o sonho...

Estamos a parar...

Não me cabe na felicidade, a leve incomodidade de te ver abrandar.


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