quarta-feira, 6 de maio de 2009

É hora de ir embora...


Foi certo que eu já sabia o sentido destas palavras. Já o havia sentido, mas calei-o querendo passar despercebida, como se isso eu pudesse ignorar.
"Estás diferente..." Foi com tom pesaroso que estas palavras saíram da sua boca e me atingiram no peito, desmascarando-me perante mim.
Há muito que não parava para pensar em mim. Há muito que eu tinha apenas a sensação no subconsciente que era isto que me afectava. Era como trazer atrás de mim uma sombra que não me preenchia por completo, mas se debruçava sobre mim a cada momento de distracção...uma coisa que nós não notamos, mas notamos. Ou não queremos notar.
Com essa frase, essas duas simples palavras o meu mundo virou de pernas para o ar e eu deixei-me ficar perdida entre milhares de perguntas para as quais eu sabia a resposta mas não a queria aceitar. Deixei tudo entre linhas enquanto me distraí com a vida.
Sim, eu estou diferente. Nem sei dizer em quê...nem sei dizer porquê...só sei que parti uma das promessas que tinha feito a mim mesma.
Lembro-me daquele dia, sentada naquele banco, sempre o mesmo banco feito de madeira, já velho, já semi-pintado, que estava posicionado de costas para a rua, que me deixava tão aconchegada, vá-se lá saber porquê, naquele banco, no meu banco, em que me viraram costas e seguiram, chorando, e chorando me deixaram...eu pensei: "Não, tu não vais mudar, não vais deixar que o mundo te iluda, não podes deixar que ele te aprisione...Olha só o quanto faz os outros sofrer..."
Mas eu nem notei a chegada delas. As mudanças instalaram-se em mim e eu nem me apercebi...enquanto tudo pareceu fácil.
Agora, eu fico aqui, agarrada aos joelhos, com o queixo no topo deles e com a lágrima a escorrer lentamente pela face...lentamente como eu me apercebo das coisas.
A vida não é simples nem especial. É uma prova de fogo, em que tens de aprender a dar o suficiente, não muito, não pouco. Em que tudo tem de estar pelo meio.
Ainda não aprendi isso. Não aprendi isso e não aprendi a ter calma...A não levar tudo muito euforicamente, ou muito deprimentemente.
Já não sou mais aquela menina que acreditava no amor verdadeiro. Claro que o defendo, mas sei agora que "para sempre" e "nunca" são palavras que têm muito peso para serem ditas em momentos de emoção. Em momentos de emoção, as nossa percepção das coisas fica turva...uma bebedeira que faz doer por dentro e não por fora.
Não consigo já acreditar em coisas dessas que já tanto me feriram. Nenhuma verdade me magoa agora. Nenhuma ídole me convence. Nenhuma lágrima me comove.
Lamento assim...Lamento desta forma...
"Estás diferente..."
Mas tu nem fazes ideia de como eu gostava de estar igual...
Então agora, que não me encontro no meio de todo este nevoeiro, está na hora de começar a caminhar novamente. Para onde? Um lugar qualquer desde que não fique aqui.
Porque eu posso não saber o momento certo para alimentar uma paixão, para dizer uma verdade, para aceitar as coisas com elas são...Mas sei sempre quando é hora de ir embora...



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