sexta-feira, 10 de julho de 2009

Velho



Existem tantas coisas simples. Tantos momentos em que marcámos sorrisos, tantos segundos em que a música nos pareceu perfeita, tantos actos em que o carinho se condensou, tantas lágrimas em que a dor se expressou, tantas caminhadas em que encontrámos alguém importante, imensas conversas em que ficámos ponderantes, inúmeras decisões que fomos obrigados a tomar de empurrão, tantas vidas que se cruzaram com a nossa...e ficaram por lá.

Existem vidas que nós queremos adoptar, aquelas que nós queremos guardar sempre perto do coração, poucas as que realmente ficam.

Tenho ainda saudades tuas, por vezes, quando olho coisas hilariantes, ou até mesmo tristes. As carinhosas continuam em mim.

Lembro-me do sorrir, e da voz suave...Dos campos no Verão e da neve Invernal.

Recordo-me de sentir a tua mão na minha, e calcarmos sozinhos trajectos afora quebrando o medo do frio infernal...

Nunca achei que tivesse sido perfeito, exceptuando agora. Neste hoje, eu sei que foi perfeito, que foi fantástico, que talvez nem o tenhamos vivido.

Talvez não tenhamos cheirado o ar impregnado de indícios primaveris, e talvez não tenhamos realmente ouvido as cascatas falarem como quem canta, no silêncio de uma manhã de Outono.

Ha...Quantas cores descobri ao teu lado, quantos cheiros e sensações...Quantas emoções não fizeram o meu coração saltar de felicidade, ou parar de bater de medo...

Transpirei amor, transpirei clareza e certeza.

Foi simpático teres ficado por aqui hoje, foi simpatico teres-te sentado ao meu lado.

Para nós, parece que o tempo teima em acabar, mas tu sempre disses-te que haveria sempre algum motivo, qualquer um, para não ter medo, porque afinal o final, é apenas um início.

Tomas de novo a minha mão, e eu sinto que as lágrimas se escondem, pois nunca pensei sentir o teu calor na minha pele de novo...

E na velhice que nos marca o rosto, o coração bate de novo...Fica cheio de vida, e sorri para ti.

Parece que passaram tantas horas sem ti, mas que no fundo eu sempre te conheci...Eu sempre soube que estaria lá para mim.

Atravessas a sala e mudas de lugar. Sentaste á janela e fazes-me chorar.

Mostras-me como ainda me lembro de cada gesto teu, sobre uma chuva dos nossos melhores Invernos, em que deambulavas embevecido com a inocência da menina.

E aqueles minutos não saem de mim, e não se querem apagar.

Fecho os olhos, e desta vez eu sei que vais ficar...Porque sempre tivemos esta chance, ela sempre nos mostrou que tudo poderia voltar.

E a velhice que nos marca o rosto, marca-nos agora um sentimento...duas vozes, dois corações, um só tempo.




*Porque é sempre impossível esquecer aquilo que nos faz ser o que somos, Obrigado. :)

2 comentários:

  1. Esta lindo como sempre...

    apenas alguns conseguem defifrar a tua escrita, apenas os de alma imortal podem entender os teus segredos escondidos...

    adoro.te linda *.*

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  2. A exaustão, os sentimentos repetidos que nos levam ao carrocel das emoções, os gestos que ficaram marcados... a velhice... Velhice que se repete a cada momento de nostalgia, velhice inocente e pura como a alma de uma fénix...


    Cumprimentos =)

    "Momentos"

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